domingo, 5 de agosto de 2012

Caravana da Alegria: Caldas Novas

Jacqueline Costa


Há alguns anos, eu e meus amigos do colégio resolvemos passar o reveillon em Caldas Novas. Como a equipe foi crescendo, ao agregar os irmãos e outros amigos, ela se tornou uma excursão e carinhosamente a denominamos Caravana da Alegria.

Voamos de BH para Uberlândia e, de lá, fomos de táxi para Caldas Novas. Tivemos a oportunidade indescritível de acompanhar o primeiro vôo do Arnaldo Adriano. Uma experiência e tanto, com momentos de tensão, mãos frias e trêmulas e sem nem meio sorriso, tão comum no rosto dele. Escolhemos um condomínio bem confortável com várias piscinas, restaurante e quadras e outros amigos também se hospedaram em outros apartamentos lá.

O que nos atraiu em Caldas Novas, foi a festa, que se chamava Reveillon Fest Folia e durava três dias. Pelo nome, é perfeitamente possível notar que se tratava de uma grande micareta na cidade, que mais atrai turistas da terceira idade no Brasil. Fiquei perplexa ao chegar lá e perceber que os idosos deixam o município enquanto acontece a festa, por causa da bagunça, daquelas caminhonetes enormes do Goiás, com lonas na caçamba para improvisar uma piscina e passear pela cidade exibindo o acessório. Realmente aquilo em nada coadunava com o que os idosos buscam na cidade: água quente e tranquilidade.

A equipe, o tempo todo, diga-se de passagem, me presenteou com muitas gargalhadas, mas teve um momento, que todos elegemos como épico e, até hoje, rende comentários.

Estávamos todos na piscina, menos o Arnaldo Adriano. Ele estava no apartamento, descobrindo o que a sua mãe tinha colocado na mala. Além de toalha, roupa de cama e camisetas insuficientes pelo número de dias, que ficaríamos lá, tinha forro de mesa e pano de prato, o que, diga-se de passagem, realmente nos foi muito útil.

Enquanto ele auditava a mala, meu celular tocou e ele o atendeu. Era a mamãe. Eles conversaram e Arnaldo deu notícias de todos os integrantes da Caravana, um a um. Depois de desligar, desceu um tanto quanto intrigado com as perguntas da mamãe, que adora saber todos os detalhes, inclusives os mais chatos a respeito da logística e baldeações da viagem.

Chegando na piscina, ele contou sobre a ligação e disse que a mamãe perguntou se eu estava comendo bem (lembrando que essa foi a minha fase obesa, quando gostava de comer até passar mal) e se a Carol, minha irmã, estava... feliz!

Isso mesmo! Como a mamãe não tinha nada para indagar a respeito da menina, não podia perder a oportunidade para render assunto e fazer uma pergunta, qualquer que fosse, sobre a Carol.

O Arnaldo estava perplexo e sem entender o que aquilo queria dizer, mas não questionou muito. Apenas respondeu que sim e arquivou a pergunta.

À noite, fomos para o show do dia. Ficamos no camarote, que era coberto, tinha comida e bebida liberadas e vários conhecidos. Como sempre, a festa foi divertidíssima com aquelas companhias.

Ir embora era meio complicado. Andávamos um pouco e tínhamos que cercar o táxi, em que obviamente não cabia todo mundo. Éramos 12 pessoas no nosso apartamento e, por isso, precisávamos de, pelo menos, dois táxis com motoristas bem gentis e compreensivos, que aceitassem seis pessoas espremidas em seu carro.

Nesse dia, à noite, choveu bastante, mas como estávamos no camarote só nos preocupamos quando a festa acabou. Tivemos que esperar a chuva passar para irmos embora. Assim que estiou, saímos do camarote e do complexo dos shows. Para a nossa surpresa, a chuva, nessa hora, voltou com tudo. Corríamos desesperados para alcançar um táxi, o quanto antes possível, e tentávamos desviar das poças d'água enormes, que tinham sido formadas anteriormente. Era quase uma corrida de revezamento com barreiras! O que tinha mais fôlego ia na frente para imprimir ritmo para os demais. E o puxador ia mudando à medida que o que estava na função se cansava.

Enquanto dávamos o nosso melhor nessa maratona de volta para o apartamento, eis que o Arnaldo grita: "Carol, você está feliz?" Não houve um que conseguisse se manter de pé. Não tínhamos mais forças para correr de tanto que ríamos.

Depois que todos já estavam molhados o suficiente, com a pergunta do Arnaldo, que não teve resposta alguma, a não ser gargalhadas, o Newtão até se aventurou na garupa de um moto-táxi, com pneus carecas e capacete fedido. Ele, por milagre, sobreviveu a essa aventura. Até hoje não se sabe se o moço que o conduziu tem carteira de motociclista e até mesmo, pelo jeito agressivo de pilotar, se ele está vivo até hoje.

Chegamos em casa encharcados. Mas diante de tudo isso, o que realmente importava era que a Carol estava bastante feliz. E eu acho que toda a Caravana compartilhava dessa alegria.
Fotos: Reprodução.

Um comentário:

  1. Ludmila Santos Eufrásio10 de agosto de 2012 às 21:12

    Aiiiii... me deu muita saudade da Caravana da Alegria!!!
    Relembrei vários momentos enquanto estava lendo!
    Muito bom...

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