sexta-feira, 31 de agosto de 2012

À espera do show

Jacqueline Costa

Há alguns meses, estava eu em polvorosa, contando os dias para o tão aguardado show do Diogo Nogueira em BH. Estava eu, com os ingressos na mão e com as músicas na ponta da língua, esperando ansiosamente a data.

Assim que soube do show, convidei a Carol Assi para me acompanhar e ela prontamente, como de costume, aceitou. O Gui não estaria em BH nesse fim de semana, já que tinha ido para lá em vários outros consecutivos. Fui ao Chevrolet e saí de lá toda serelepe ainda na primeira semana de vendas com nossos ingressos em punho.

Alguns dias se passaram e eu recebi a notícia de que tinha sido aprovada no Processo Seletivo aqui da SEF/MG para trabalhar no NConext/SP, que é o escritório que eles mantêm aqui em São Paulo para atender os contribuintes daqui, que recolhem o ICMS-MG por substituição tributária. Diante disso, o Menino se apressou e providenciou passagens, porque precisávamos contar para os nossos pais, que eu me mudaria para São Paulo, informação essa bastante delicada, especialmente para os que esperavam que isso só fosse acontecer depois do casamento, sobre o que já vínhamos conversando, e para os que, como a mamãe, esperavam uma solução milagrosa para que isso nunca acontecesse.

Por isso, organizamos um almoço em Florestal, bem no sábado do show do Diogo, e iríamos reunir os nossos pais e irmãs para dar a notícia, compartilhar a nossa felicidade e responder todas as dúvidas que o assunto suscitasse.

Eu logo percebi que aquela inquietude e empolgação, que ele apresentava, estava bem acima da média para a notícia, que era maravilhosa sim para nós dois, mas que ainda tinha que enfrentar a reação dos meus pais, que previsivelmente teriam dificuldade para lidar com o tema. Deduzi de pronto que ele me pediria em casamento e só para confirmar a minha hipótese, perguntei o que faríamos depois do almoço em Florestal, preocupada com o Diogo. Ele me respondeu que queria sair só comigo. Tive a certeza de que era isso mesmo.

Percebi, então, que o Diogo não cabia na nossa noite. Era um momento só meu e dele, em que celebraríamos o nosso amor e a solução do nosso principal problema, que era a distância. Por isso, fui ao Chevrolet Hall e devolvi os convites do show.

E naquele sábado, eis que o Menino me surpreende com o pedido no almoço, lá em casa em Florestal, com toda a família reunida. Ele seguiu as tradições tim-tim por tim-tim e  pediu a minha mão para o papai. Uns choravam, outros sorriam e muitos já se empolgavam com a ideia de um novo casamento na família.

E as surpresas não acabaram. Foi aí que a Raquel se manifestou e disse que gostaria que nos casássemos na mesma cerimônia que ela. Essa foi para mim quase a parte mais bonita dessa história toda. Ela quis dividir conosco um momento que construiu com tanto carinho, para ser só dela e do Ricardo. Mesmo em família, é muito difícil encontrar um gesto de tamanha generosidade e amor.

Depois de tudo isso, percebi que, ao contrário, o Diogo cabia sim direitinho na nossa noite. Comemorar aquele dia lindo ao som da voz dele seria perfeito para mim, mas os ingressos já tinham sido devolvidos.

Restou-me aguardar pelo próximo show. E ele chegou! Hoje é dia de Diogo e, como já disse, estarei lá toda satisfeita, trajada de "piriguete" do samba, de fã chorosa, máquina fotográfica em punhos e todas as músicas na ponta da língua.

Queria mostrar aqui "Vi no seu olhar", mas a EMI bloqueou no Youtube todos os vídeos dos DVDs do Diogo, por causa dos direitos autorais. Sendo assim, vai o "Poder da Criação", gravado no Theatro Municipal do Rio de Janeiro. Play!



Vídeo:http://www.youtube.com/watch?v=aBu2YlwhmtI

Spoleto espoleta

Jacqueline Costa


O Spoleto foi alvo do Kibeloco há duas semanas. O site satirizou o atendimento dos restaurantes da rede e de forma bem-humorada mostrou como os funcionários normalmente pressionam os clientes para que eles escolham com mais agilidade entre as opções de ingredientes. Irritado com a indecisão, o cozinheiro, interpretado por Fábio Porchat, começa a gritar e atirar comida para todos os lados. Na descrição do vídeo, a referência ao restaurante foi bastante óbvia com a frase: “O que acontece quando uma cliente muito espoleta se encontra com um cozinheiro muito esporrento?”

Após o vídeo atingir mais de 430 mil acessos e um chope entre a empresa e os produtores da crítica feita pelo canal no Youtube do Kibeloco, chamado Porta dos Fundos, surgiu a ideia de produzir a resposta. E essa ideia não podia ter sido mais feliz.

Ao invés de brigas judiciais e liminares para proibir a exibição do vídeo, eles apostaram numa resposta com base na própria crítica, sem enfrentamento ou sem negar que aquilo pode, de fato, ter acontecido muitas vezes. Eles retomam a história contada pelo Kibeloco, mas nela o gerente da loja mostra a explosão daquele mesmo cozinheiro impaciente. A partir de então, o gerente demonstra que a dificuldade para lidar com pessoas indecisas também está presente em outros lugares. De volta ao balcão do Spoleto, o cozinheiro não consegue conter a sua fúria, diante de uma nova cliente e a empresa responde: "Isso jamais deve acontecer. Mas às vezes foge do nosso controle. Se foi mal atendido no Spoleto, conte pra gente e nos ajude a melhorar".

A resposta já coleciona quase 200 mil acessos e outros milhares de elogios na página da empresa no Facebook. O Spoleto, ao invés de se mostrar esporrento, como o cozinheiro da crítica, escolheu o caminho espoleta para dar o seu recado e isso explica bastante o número de acessos recebidos.

Eu acredito que a grande sacada do vídeo-resposta não é mesmo o humor. Disso todo mundo se utiliza. Claro que alguns utilizam com mais acerto e mais inteligência do que outros. Mas nesse caso, a diferença foi mesmo admitir que isso pode realmente acontecer em um restaurantes fast-food, em que se preza pela agilidade do serviço. Os consumidores se sentiram respeitados à medida que a piada, que de fato era uma crítica, foi ouvida e a empresa apresentou as suas desculpas e abriu um canal de comunicação.

Sempre notei que nos casos em que as pessoas têm problemas em suas relações de consumo, normalmente elas recorrem aos órgãos de defesa do consumidor e ao Judiciário, em busca justamente desse reconhecimento da empresa de que agiu mal. No fundo, o que elas querem, é um pedido de desculpas. A indenização em si muitas vezes importa pouco. As desculpas contam muito mais.

Mais do que isso: o Spoleto soube fazer o mesmo caminho da crítica, sem as intermináveis disputas judiciais e sem as afirmações de que com a minha empresa não faz isso. Eles souberam transformar a piada em uma campanha positiva para a marca e fica claro que já entenderem que no mundo da comunicação, não vale a pena querer calar ninguém, não é mesmo?

Fotos: Reprodução.

quinta-feira, 30 de agosto de 2012

Lei de Cotas: absurdo consumado

Jacqueline Costa


Nesses dias, em que Brasília respira o julgamento do mensalão, julgamento político mais importante já realizado pelo Supremo Tribunal Federal, a presidente Dilma sancionou a Lei de Cotas. Talvez o tenha feito à meia luz para evitar um pouco do alvoroço, que essa quase completa estupidez inevitavelmente provoca. Já falei aqui sobre ela, mas acho que agora que é fato consumado, vale a pena reiterar o absurdo que está por vir.

A Lei de Cotas reserva 50% (cinquenta por cento) das vagas de universidades públicas a alunos vindos das escolas públicas. Além disso, a distribuição dessas vagas deverá ainda observar a cor da pele dos candidatos. Sendo assim, aos pardos, negros e índios sempre haverá, dentro desses 50% (cinquenta por cento), um número de vagas reservadas, de acordo com a proporção dessa população em cada Estado brasileiro. Metade das vagas reservadas serão ainda destinadas a pessoas com renda familiar inferior a R$ 933,00.

Em 2013, 25% (vinte e cinco por cento) das vagas já observarão essas regras. As universidades deverão se adaptar totalmente nos próximos quatro anos.

Dilma vetou apenas o art. 2º da referida lei, que determinava que a seleção desses alunos seria feita pelo Coeficiente de Rendimento – média das notas obtidas pelos alunos no ensino médio. Eles serão selecionados pelo ENEM, que não se mostrou apto para medir a capacidade e conhecimento dos candidatos. A prova, extremamente mal elaborada e com questões sem nenhum propósito, levou o exame ao descrédito e, desde que começou a ser utilizado como seleção, mostrou um número preocupante de analfabetos funcionais nas universidades, que o utilizam como forma de seleção.

Na prática, a medida significa que metade das 240 mil vagas existentes nas universidades federais hoje serão preenchidas por um critério diferente daquele em que eu acredito: o mérito. Como já me manifestei antes, o acesso à universidade não é uma questão de justiça social. A universidade pública não se propõe a isso. Ela busca ser um centro de excelência em produção de conhecimento em seus três pilares: ensino pesquisa e extensão.

Assim, Lei de Cotas claramente busca reduzir o escasso número de alunos oriundos das escolas públicas nas universidades federais, sem dar a eles condições de concorrer em pé de igualdade com os alunos que vêm das escolas privadas. Essa igualdade de condições é a verdadeira forma de se fazer justiça social. Mas a malfadada lei não se preocupa com o fato de que o ensino oferecido pelo governo brasileiro em suas três esferas é, de fato, deficitário, com raríssimas exceções.

Isso impactará diretamente a produção de conhecimento nas universidades federais. Sabe-se que 59 universidades federais são responsáveis por quase 90% (noventa por cento) dos artigos científicos publicados no país. Atingir e manter esse nível só, e somente só, é possível se a universidade pública atrair para si os alunos e os professores mais bem preparados.

Todo mundo que passou pela universidade pública sabe o quanto é difícil para o professor nivelar a turma e atingindo um nível, em que todos, ou praticamente todos os alunos, consigam acompanhar a disciplina e aprofundar os estudos. Todo mundo sabe também, que quanto mais mal preparados os alunos entram, menos provável e quase impossível se torna o aprofundamentos de estudos.

Enquanto os professores, nesse caso, poderiam estar estimulando os alunos a se dedicarem à pesquisa, eles terão que criar formas de nivelamento dessas turmas. A orientação e auxílio em pesquisas e grupos de estudos provavelmente serão substituídos por aulas de reforço, a serem ministradas para esses alunos, que não possuem uma base sólida para encarar as disciplinas universitárias. Reitero que esse não é o papel da universidade pública.

De fato, conforme demonstraram os resultados do IDEB (Índice de Desenvolvimento da Educação Básica), a culpa de tudo isso não é dos alunos cotistas, mas das políticas de ensino adotadas e das escolas públicas brasileiras. E a solução desse problema, definitivamente, não é a Lei de Cotas. Talvez ela até ajude a mascarar esses resultados, já que aumentará o número de alunos oriundos das escolas públicas nas universidades públicas. Mas a conta disso será paga pela inevitável redução na produção de conhecimento.

Inúmeras manifestações contra a sanção da Lei de Cotas foram feitas em todo o país. O problema é que elas foram vistas apenas como a indignação de estudantes de escolas particulares. Não é o caso. Esse absurdo institucionalizado é um problema de todos nós.

Preocupo-me com a estrutura universitária, que não está preparada para receber esses alunos e nem tem como dever ensinar a eles o que eles deviam ter aprendido no ensino médio, mas assumirão compulsoriamente essa tarefa. Preocupo-me com as pesquisas, com a extensão universitária e com como manter a produção de conhecimento, diante desses novos desafios. Preocupo-me com o futuro de um país que simplesmente empurra o menino da primeira série até a faculdade, sem se preocupar com a efetividade da educação, que lhe é oferecida.

Sem dúvida, foi criado um novo e maior problema. E como bem disse o Gui, não sabemos dizer se nossos filhos se orgulharão e se inspirarão em nós para que se esforcem e aspirem a uma vaga em uma universidade pública daqui a alguns anos.

Foto: Reprodução.

quarta-feira, 29 de agosto de 2012

Raio, estrela e luar: Play!

Jacqueline Costa

Depois de postar aqui os meus pensamentos reduzidos no papel no dia em que Wando se foi, penso que seja justo dividir com vocês o vídeo em que Nando Reis emenda Fogo e Paixão com My Pledge of Love.

Essa é, sem dúvida, uma das versões mais lindas  e empolgantes do grande sucesso de Wando. Ela apareceu pela primeira vez na voz de Nando Reis no seu primeiro CD com os Infernais e alguns anos depois, merecidamente, entrou para o Bailão do Ruivão.

Escolhi a primeira versão para matar as saudades desse DVD, que desapareceu da minha prateleira, emprestado e não devolvido, e eu vivo procurando outro nas lojas. Play!

Raio, estrela e luar

Jacqueline Costa


Logo depois de acordar de fato, já quando estou embaixo do chuveiro, sempre pergunto ao menino: "posso cantar uma música?" Independente da resposta, eu sempre canto. Algumas vezes, elaboramos desafios para que o outro adivinhe a música por meio de palmas, batuques ou assobios. Uma que sempre está presente em nossas paradas de sucessos matinais é Fogo e Paixão.

Quando isso aconteceu hoje, o Gui me disse: "você tem que postar no Toda conversada o texto, que escreveu quando o Wando morreu". E aqui vai o que escrevi originalmente em 8 de fevereiro deste ano, quando o cantor nos deixou:



Hoje, sem dúvidas, as amantes do estilo inconfundível do colecionador de calcinhas mais famoso do Brasil acordaram mais tristes. Wando não resistiu às tendências a problemas cardíacos, agravada pela vida desregrada que levava. Não me refiro aos inúmeros relacionamentos, que o cara mais amante latino que já vi, nutria, mas aos hábitos alimentares e por nunca ter encontrado tempo em sua atribulada vida para encaixar qualquer atividade física, além do sexo rotineiramente praticado, como ele gostava de salientar.

São tantas as viúvas deixadas... Algumas reais; outras, imaginárias. Não para ele. São incontávais as mulheres na casa dos 50, 60 anos, que se sentem um pouco menos "mulheres" hoje.

Não se pode negar, que a grande sacada do cara foi perceber o que essas mulheres, naquela época da uniformização de todas as coisas, inclusive da música, ocorrida no fim dos anos 70 e nos anos 80, queriam ouvir. Ele dizia para elas o que provavelmente seus maridos, namorados e nem amantes diziam. E foi essa a tônica do sucesso, a receita com as medidas certas para seduzi-las.

Como não ser fã do cara que teve essa idéia brilhante e a coragem de expô-la da forma mais clara possível? Todo mundo sabia exatamente que em suas letras não havia metáforas. Ele ia mesmo direto ao ponto. Adorava bailarinas nuas no palco e beijava calorosamente suas fãs em seus shows. E, naquele contexto, isso se coadunava perfeitamente, sem parecer apelativo ou agressivo. Talvez o fosse para o seio da tradicional família mineira, mas nunca foi esse o público, que ele pretendeu atingir. Pode ser que algumas tenham se libertado dessas amarras, mas não era essa a regra. As mulheres de Wando eram as mais destemidas, as mais, digamos, abertas a novas experiências em geral ou, pelo menos, experiências claramente inovadoras na vida de cada uma.

E qual poderia ser o melhor presente para alguém que as faziam se sentir tão femininas e realizavam, mesmo que apenas subjetivamente, seus desejos mais secretos? Isso mesmo! Uma calcinha! A obviedade desse raciocínio o tornou o Wando das calcinhas. Elas dedicavam a ele esse mimo nos shows, nos hotéis, por onde passou, nos aeroportos ou em qualquer lugar, que o viam. Refiro-me às calcinhas dadas, mas imagino que tenham sido muitas outras roubadas para o seu acervo pessoal. Em volume, certamente esse é o maior patrimônio dele ou pelo menos as recordações, que foram mais presentes em sua vida.

Esses bens não inventariáveis agora serão herdados por alguém, mas isso não importa. Muitos outros herdaram a desenvolta sedução de Wando. É exatamente o que acontece no show de Nando Reis quando ele emenda Fogo e paixão com My pledge of love. A feiura de Rogério Flausino é até amenizada pelo ar garanhão que ele ganha ao cantar essa música. E quem sabe não podemos esperar uma interpretação, com sorte performática, do Rei no seu especial de fim de ano?

Até lá, acompanhamos saudosos as repercussões e acho que, em algum momento, surgirá uma coroa de flores com os artigos, que mais marcam sua presença. Quem sabe uma coroa de calcinhas?

Foto: Reprodução.

terça-feira, 28 de agosto de 2012

Diário de classe

Jacqueline Costa



Inconformada com a triste realidade da Escola Municipal Maria Tomázia Coelho, em Florianópolis – SC, a menina Isadora Faber criou sozinha um perfil no Facebook, para denunciar as péssimas condições a que professores e alunos são submetidos. Só que ela não contava com o sucesso da iniciativa e com a pressão que sofreria em decorrência disso.

A menina tímida, mas bastante questionadora e crítica, fez da internet a sua válvula de escape. Ela começou mostrando maçanetas quebradas e fios de eletricidade expostos, que posteriormente foram consertados e mostrados novamente por ela. Isadora também já falou sobre outros itens de infraestrutura da escola e sobre a qualidade do ensino. Com isso, ela esperava ter criado um canal de comunicação para melhorar a sua escola, já que as reclamações que ela e outros colegas apresentavam diretamente não surtiam efeitos. Mas isso acabou se tornando um grande problema para a menina.



Isadora sofreu represálias na escola e seus pais foram chamados. A diretora, inclusive, tentou convencer a mãe da menina a forçá-la tirar o perfil do ar. Ela conta que as cozinheiras riem dela e sempre dizem quando a veem: “Lá vem a fotógrafa”. As professoras frequentemente dão indiretas e pedem para que a página seja retirada do ar. A professora de Português, por exemplo, preparou uma aula sobre política e internet e disse, com o claro intuito de humilhá-la diante dos colegas, que falar mal dos professores é errado. Os colegas não a apoiam e dizem que ela quer prejudicar a escola, quando estão em sala. Fora da escola, eles dão outra versão para essa história e apoiam a iniciativa da menina, especialmente pela internet.

Após a divulgação pela imprensa do caso, a Secretaria Municipal de Educação afirmou que irá apurar o que está acontecendo, especialmente em relação à pressão que a menina vem sofrendo. Hoje será realizada uma reunião com a direção da escola e só depois disso, a Secretaria se pronunciará. Por óbvio, ninguém espera que a Secretaria de Educação do Município elogie a iniciativa de Isadora, que denuncia as deficiências do trabalho que ela deveria fazer e dos serviços que deveria prestar adequadamente aos alunos. Mas espero que essa Secretaria ao menos coíba manifestações, oriundas especialmente dos professores e dos demais funcionários da escola, que reprimam e atentem contra a dignidade da menina, que não faz nada além de cobrar o que lhe é de direito.

Isadora teve a ideia de criar o perfil para falar sobre as condições de sua escola depois de ler sobre o blog criado pela escocesa de nove anos, que nele avaliava a qualidade da merenda escolar, que incluía pizza, hambúrguer, frituras, pouco ou nenhum vegetal ou fruta. Depois de mais de dois milhões de acessos e de ter recebido o apoio do chef Jamie Oliver, Martha Payne foi proibida de fotografar a merenda para postar em seu blog com a avaliação respectiva. No entanto, depois de tanta repercussão, o cardápio da escola foi substancialmente alterado.

Eu criei o Toda conversada há pouco mais de um mês, mas ele já me fez parar para pensar várias vezes no poder e no alcance, que a internet tem. No meu caso, eu o utilizo para dividir o que escrevo com as pessoas que dedicam um pouco do seu tempo para ler meus textos. Acho que não teria outro meio para fazer isso. Há gente que a utiliza para fazer coisas muito maiores e louváveis do que eu. Outras, sequer usam ou sabem do que essa ferramenta é capaz.

A internet pode ser usada para muitas outras iniciativas como essa. Isadora realmente não imaginava que receberia tanto apoio, mas mais de 10 mil pessoas se manifestaram. Penso que isso se deve ao tema escolhido. A educação é um assunto extremamente delicado e que atinge a todos: estudantes, pais, os que ainda não são pais, mas querem sê-lo. Ninguém escapa dessa discussão. E temos que reconhecer que poucos fizeram tanto como Isadora pela educação. Poucos tiveram a coragem que a menina de 13 anos teve ao criar o perfil no Facebook e mantê-lo mesmo sob tanta pressão. Certamente, nas últimas semanas, a menina aprendeu muito sobre o poder de suas palavras e o alcance que elas ganham na rede.

Isadora afirma que suporta tudo isso com o apoio que recebe das pessoas na internet e que pretende continuar com o perfil no Facebook, para tentar melhorar a realidade de sua escola. O que deveria ser um direito assegurado, não o é. Para realizá-lo minimamente, é necessário reivindicar, mobilizar e esperar que a vontade política se coadune com isso. Mais do que apontar os problemas da escola, a menina espera poder contar as soluções que foram adotadas. Tudo que ela quer é uma escola melhor. Ela quer aprender mais em um ambiente adequado e que a entusiasme. Esse também é o desejo de todos os brasileiros.

Fotos: Reprodução.

segunda-feira, 27 de agosto de 2012

Galinhada com samba

Jacqueline Costa


Eu desafio qualquer um a arrumar um programa mais a minha cara do que uma galinhada com samba. É a mistura perfeita de comidas roceiras, de que tanto gosto, com o meu ritmo favorito: o samba.

Minha amiga Carol Assi esteve aqui em São Paulo no último fim de semana e eu precisava encontrar alguma coisa interessante e de que gostássemos para o sábado à noite. O Gui sugeriu a galinhada com samba do Dalva e Dito e nós adoramos a ideia.

A galinhada é servida todos os sábados a partir da meia noite, mas é melhor chegar por volta das 23h para garantir um lugar, porque as mesas são coletivas e não há reservas. Depois disso, corre-se o risco de se ter que esperar. No entanto, a espera acontece no bar do restaurante e enquanto isso, você pode ir escolhendo e apreciando algumas bebidinhas.

O samba começa pontualmente à 1h, com a banda tocando entre as mesas, convidando as pessoas a descerem para o salão, onde a banda de fato se apresenta. Eles tocaram clássicos como “O show tem que continuar” e “Conselho”, mas claramente o público paulistano prefere os pagodes aos sambas, conforme denunciavam os pedidos. De todo modo, é um programinha imperdível para quem passa aqui pela terra da garoa.

A galinhada era inicialmente preparada pelo subchefe Geovane Carneiro e servida apenas para os funcionários do restaurante após o expediente. Eles estimam que são servidos até 120 quilos de galinha por sábado. Em fevereiro do ano passado, ela foi aberta ao público e agora, ao som de um bom samba.

Vale muito à pena conhecer. A cozinha é o grande destaque, separada apenas por paredes de vidro do espaço das mesas. O ambiente é bastante rústico, remetendo às fazendas, com enormes treliças de madeira no teto e ladrilhos lindos no chão.

O prato é composto por frango caipira, com miúdos e até pescoço, marinado em vinagre de vinho branco, acompanhado de arroz no óleo de pequi ou arroz branco tradicional, farofa com ovos cozidos e azeitonas, quiabo e pirão e costelinha. A galinhada é servida em bufê e pode-se repetir quantas vezes quiser.

É mesmo deliciosa, mas, depois de provar, o Luhen defende que a da avó dele é inigualável. Nesse caso, acredito ser o argumento irrefutável. Mas para quem não tem uma avó aqui em São Paulo, o jeito é recorrer à galinhada do Alex.

Fotos: Reprodução.

A herança de Neil

Jacqueline Costa

No último sábado, Neil Armstrong, que, em suas palavras, deu “um pequeno passo para um homem, um grande salto para a humanidade”, morreu, vítima de complicações de uma cirurgia cardíaca.

O americano comandou a Apollo 11 e foi o primeiro homem a pisar na lua, em 20 de julho de 1969. Esse, sem dúvida, foi seu maior feito ou pelo menos o mais conhecido.

Ele foi também piloto da marinha entre 1949 e 1952 e lutou na Guerra da Coréia. Em 1955, ele se formou em engenharia aeronáutica e se tornou piloto da NACA, que antecedeu a NASA. Em 1962, ele deixou a função de piloto de testes e se tornou astronauta.

O que mais me encanta na história desse homem é que ele personificou o sonho de toda criança, que diz que quer ser astronauta e viajar para a lua. Ele mostrou para os pequenos sonhadores, que é possível fazê-lo e que isso não é apenas um sonho improvável e distante. Não é como sonhar com duelos e dragões, com dinossauros e vilões mágicos.

Neil se tornou um herói, que supera o tempo e é reconhecido como um dos maiores nomes da história. Ele será eternamente o herói, que realizou o sonho de toda criança e de todos os homens. E mostrou muito mais do que isso. Numa época em que as missões espaciais representavam um grande desafio, verificada a tecnologia existente e os meios de que dispunham para efetivá-las, ele mostrou que é possível realizar um grande sonho. Isso pode ser trazido para a realidade de qualquer um, que só precisa acreditar e se dedicar com perseverança para que seus objetivos, por mais distantes que pareçam, possam ser alcançados. Essa foi a maior herança de Neil.

Ele realmente foi à lua e todas as vezes que olhamos para ela, sabemos que alguém deixou a pegada de toda a humanidade lá, independente da nacionalidade do homem que o fez. E segundo a família de Neil, em comunicado oficial após o seu falecimento, “for those who may ask what they can do to honor Neil, we have a simple request. Honor his example of service, accomplishment and modesty, and the next time you walk outside on a clear night and see the moon smiling down at you, think of Neil Armstrong and give him a wink.”

Foto: Reprodução.

sexta-feira, 24 de agosto de 2012

Meu primeiro mês! Parabéns!

Jacqueline Costa

Hoje o Toda conversada completa seu primeiro mês de vida! E eu acho que tenho muito motivos para comemorar.

Há exatamente um mês, eu escrevi um texto e enviei para que o Gui o avaliasse. Eu aproveito, porque afinal de contas, é um privilégio ter um consultor em casa, que pode palpitar de graça sobre o que escrevo. Quando a opinião é demasiadamente animada, para me certificar de que estou no caminho certo, eu costumo perguntar se ele está vendo com os olhos do amor ou com os do consultor. Nesse caso, prefiro estes àqueles, ao contrário do que acontece quando pergunto sobre a minha barriga...

Na verdade, a ideia do blog partiu de uma reportagem, que ele me mandou sobre a descoberta na Áustria de peças, que remetem a nossa calcinha e ao nosso sutiã e que datam da Idade Média. Eu enviei apenas um parágrafo para o site da Julia Petit, sugerindo esse petisco. Até então, não sabia como funcionavam essas sugestões, que eles recebem diariamente. Para mim, eu a enviaria e a equipe desenvolveria o tema proposto, mas não. Eles me responderam dizendo que tinham adorado a sugestão e a minha defesa para que fosse publicada. Questionaram se eu não tinha o interesse de desenvolver melhor aquele parágrafo, transformando-o em um texto para ser diponibilizado no site, com os créditos para mim.

Foi o que fiz. Mas antes de enviá-lo, encaminhei o texto para o Gui me dizer o que achava. Ele adorou e falou que eu deveria ter um blog. Tenho que reconhecer que o Eduardo Romeiro sempre insistia nessa ideia. Eles me consideravam egoísta por ter preguiça de dividir com os outros o que eu escrevia. A minha preguiça sempre se deveu aos fatores tecnológicos, que sempre funcionaram como grandes limitadores para mim. Aliás, esses dois (e minhas amigas também) foram muitas e muitas vezes vítimas das minhas intermináveis linhas. O Gui até mais. Certamente ele deve ter criado uma pasta para arquivar meus incontáveis e-mails. Talvez a insistência em relação ao blog fosse uma tentativa desesperada de os dois de se verem livres ou pelo menos de tentarem dividir esse encargo com o mundo.

Eu resolvi criar o blog e o fiz de uma hora para outra. Superei o meu medo de não ter os conhecimentos tecnológicos necessários para fazê-lo e, em apenas algumas horas, o Toda conversada já estava no ar.

No meu primeiro texto, resolvi justificar o que me levou a criá-lo: a minha constante vontade de escrever. Fui encontrando temas no meu dia a dia. Fui reunindo ideias nos vários feeds e notícias, que leio diariamente. Fui criando alguma coisa sem um formato bem definido e com assuntos tão diversos, mas que segue exatamente o que eu propus ao descrever o blog: "um pouco de mim, dos outros, do que vejo e ouço".

Também descobri, nesse primeiro mês, que as pessoas gostam mesmo de falar sobre o amor. Pelo menos, esses foram os posts mais bem recebidos, quero dizer, mais lidos, até o momento. E sempre escrevi sobre o assunto, da maneira mais despretensiosa possível. Eu os publiquei totalmente insegura, com muito medo de parecer boba, chata ou um pouco infantil. Aliás, os meus posts mais depretensiosos foram os mais acessados. Com isso tudo, percebi que sou muito, mas muito comum e, por isso, as pessoas se identifiquem com o que eu escrevo.

Não sei se chegarei um dia a ser escritora, se verei algum de meus textos em uma revista de grande circulação nem nada disso. Eu gosto mesmo de escrever. Essa é minha arte, meu hobby e é o que faz o tempo passar por mim sem que eu perceba.

Eu sei que quero continuar escrevendo e registrando tudo aquilo que me chama a atenção. O blog é uma maneira de fazer com que as pessoas me conheçam, me digam o que elas pensam e me ajudem a fazer isso cada vez melhor. Receber o carinho de todo mundo que comenta, que me diz que gostou do que eu escrevi ou mesmo que não concorda com o que eu disse, é o melhor retorno de tudo isso. Eu agradeço a todos que se manifestaram com palavras ou mesmo com pensamentos. Isso me motiva e me faz ver tudo com outros olhos: o da blogueira em busca de novidades para postar aqui!

Já espero ansiosamente o aniversário de um ano!

Foto: Reprodução.

Yellow

Jacqueline Costa

Com o encerramento das Olimpíadas, foi impossível não sentir muitas saudades de Londres. Eram os jogos, que se despediam, mas eu é quem vivia a nostalgia. Afinal de contas, com os jogos podia rever na TV, todos os dias, todos aqueles lugares, que me encantaram, quando estive lá.

Lá eu ouvia Coldplay quase todos os dias, mas infelizmente não consegui ir a nenhum show deles. Quando penso na cidade e em tudo que vivi por lá, a trilha sonora é quase toda da banda. Não consigo dissociar Londres e Coldplay.
Por isso, senti muita falta da banda na cerimônia de abertura e de encerramento das olimpíadas. Coldplay é para mim uma das grandes referências inglesas e merecia ter se apresentado, em especial com a chamada Symphony of British Music. Depois de sete Grammy em 20 indicações, eles mereciam estar lá. A banda, fundada em 1996, é um dos maiores nomes da música inglesa em atividade e, com certeza, levantaria a platéia com algum de seus sucessos. Eles tocaram em um evento paralelo às olimpíadas em um dos parques da cidade, mas, para mim, realmente mereciam mais destaque.
Para matar a saudades, escolhi Coldplay tocando Yelow no Rock in Rio. Essa música, lançada em 2000, fez com que a banda ganhasse fãs em todo o mundo. Play!


quinta-feira, 23 de agosto de 2012

Eu sou ou só pareço ser?

Jacqueline Costa



Cheguei ao trabalho, cumprimentei os poucos colegas, que aqui já estavam, liguei o computador e assim que terminei de ler todos os feeds, que assino, fui passear pelo Facebook. Bom, eu começo todos os meus dias assim e gosto bastante desse ritual. O passeio pela rede social, de que quase ninguém escapa, me diz quem faz aniversário hoje e me mostra um pouquinho de todo mundo, especialmente dos que deixei para trás em BH e gostaria de tê-los trago para São Paulo comigo.

Vi um pouco de tudo. De propagandas dos negócios, que meus amigos abriram, a frases de auto-ajuda (Clarisse Lispector está em alta e até o Kibeloco já constatou essa tendência), passando por orações, tem um pouco de tudo lá. Vi também muitos comentários bastante interessantes sobre o julgamento do mensalão, pelo menos 20 posts com conteúdo “bica bicudo – Galo Doido” (também tem dominado a timeline de vários amigos, que já estão confiantes no título do Brasileirão) e fotos, muitas fotos.

Todo o conjunto da obra me intriga bastante. Percebo uma tendência já quase natural de as pessoas quererem parecer bem mais ricas, magras, lindas e influentes do que realmente são.

As pessoas são performáticas, divertidas, cheias de pose e estilo. Bem, elas parecem ser tudo isso nas redes sociais. Se são ou não é outra história. É bem engraçado ver o tímido fazer o desinibido, aquela que vem da periferia fazer a rica e os não muito inteligentes lançando citações desconcertantes.

Todo mundo quer mostrar a viagem, que fez para o exterior, nas últimas férias, mesmo que tenha ido de CVC e pago em dez parcelas. Ah, quem vai se lembrar disso, quando postar aquela foto incrível com as folhas amareladas de um outono em Nova York. Nesse caso, elas costumam fazer um check-in a cada esquina, como se quisesse lembrar a todos seus amigos que, enquanto eles estão trabalhando e fazendo contas para quitar a fatura do cartão de crédito, elas estão lá curtindo cada segundo da vida, como se fosse o último.

As pessoas querem que as outras saibam que elas estiveram naquele restaurante caro e da moda. Afinal de contas, ninguém vai notar que isso acontece apenas em tempos de Restaurant Week e não num domingo comum, em que ninguém da casa tem disposição para cozinhar.

As festas também são rotineiramente registradas, porque a sua participação nesses eventos pode sempre render várias repercussões. Baladas, shows e teatro também estão incluídos no mural da vida muito feliz e agitada, que as pessoas parecem ter.

Os amores do Face são todos doces, românticos, lindos. Levitam como se fossem sempre vividos ao som de bossa nova, como se a vida não lhes trouxesse nunca nenhum tipo de incômodo. Os amores do Face são como os que são vividos no Leblon nas novelas de Manoel Carlos. Mas nós bem sabemos que o que bem há são relacionamentos conflituosos, em que a harmonia só é encontrada mesmo nas timelines da rede.

As pessoas querem exibir encontros com famosos, que sequer são seus ídolos, para denotar certa influência e um acesso ao mundo das celebridades, como se isso trouxesse para ela alguns minutos da fama do outro. O que importa se é o franzino e espinhento do Michel Teló? As pessoas apenas pensam: “Não gosto de suas músicas, mas uma foto com ele ‘bombaria’ meu Face!” Aliás, estatisticamente falando, os famosos mais frequentes nessas fotos são ex-BBBs, mas nesse grupo, definitivamente, não estão incluídas Gazi Massafera nem Sabrina Sato. Por que será? Logo que saem do programa, eles são o pico da “famosidade”, mas poucos meses depois, ninguém se lembra mais deles, com raríssimas exceções.

Por falar em famosos, eles quase nunca aparecem sem maquiagem e quando o fazem, se tornam imediatamente uma das notícias mais lidas e comentadas do dia. Afinal de contas, temos a oportunidade de vê-los como eles realmente são.

É bem interessante isso, no caso das celebridades, estamos sempre interessados na descoberta do que eles são de fato. Nós vemos todos os dias, nos tapetes vermelhos mundo afora, como eles parecem ser. Mas o que realmente desperta a nossa curiosidade é saber como eles acordam, de cara lavada, com aquela roupinha velha, que todo mundo gosta de usar em casa.

Já na vida real, quando nos deparamos com as pessoas reais, queremos ver o que elas parecem ser. É isso que todo mundo faz questão de mostrar. Afinal de contas, quem não quer parecer um pouquinho artista, né? Isso só se torna um problema, quando as pessoas encaram aqueles personagens que elas representam nas redes sociais e passam a viver como se tudo aquilo que elas mostram fosse verdade. É muito triste quando percebemos que não e que aquele mundinho cor-de-rosa, na verdade, não existe, pelo menos para aquele personagem, que mascara a pessoa, que realmente existe por trás dele. Eu mesmo conheço muita gente que é muito mais legal na vida real do que o que elas querem parecer no Facebook.

Essa é a grande contradição dessa história toda. Morremos de curiosidade em relação à simplicidade dos famosos e a “famosidade” das pessoas comuns.

Todo mundo tem um pouco disso tudo. O interesse pela vida alheia e por fazer a própria vida parecer uma novela está presente em quase todo mundo. Não há nada de errado nisso, desde que isso não seja levado a extremos.

Eu mesma já estou contando os dias para fazer a fã “chorosa”, trajada como “piriguete” do samba, com as letras das músicas na ponta da língua e câmera em punhos para registrar cada minuto do show do Diogo, o Gato Nogueira. Quem sabe não garanto uma foto com ele para “bombar” meu Face?

Foto: Reprodução.

quarta-feira, 22 de agosto de 2012

As franjas voltaram!

Jacqueline Costa
2012 vem se firmando como o ano da franja. Após algumas temporadas, elas voltam com tudo, especialmente depois que várias celebridades aderiram ao corte e roubaram a cena pelos tapetes vermelhos, por onde andaram.
Os cortes variam entre desfiada, arredondada, longa ou reta. Um bom cabeleireiro saberá apontar qual o mais indicado para o seu tipo de rosto. Em geral, a reta se adapta mais para quem tem o rosto comprido. As desfiadas são ideais para rostos quadrados ou redondos. Já as em formato de meia-lua e as longas, ficam ótimas em rostos quadrados e ovais.

Por outro lado, mulheres com rosto redondo e quadrado devem evitar as franjas retas. As que possuem cabelo muito curto ou rosto pequeno e muito delicado devem correr das franjas desfiadas. Os cabelos crespos e cacheados não se adaptam à franja arredondada, bem como mulheres com rosto redondo. A franja longa também não é indicada para o rosto redondo ou muito comprido.
Na lista das celebridades que já adotaram o corte, podemos destacar Jessica Biel, com sua franja na altura das sobrancelhas e um dos cabelos mais pedidos nos salões de beleza mundo afora.

 




















Já Liv Tyler apareceu em fevereiro em um evento beneficente em Nova York, com um corte levemente arredondado.

Reese Witherspoon retomou a franja desfiada em maio.


Isabelli Fontana, depois de um editorial da Vogue francesa, em que usou uma franja falsa, gostou tanto do resultado, que a cortou de verdade. Ela adotou o formato arredondado, cobrindo toda a sobrancelha.


Elas deram o pontapé inicial para que a franja voltasse a ser vista também nas ruas. As mulheres já perceberam que as franjas são acessórios de beleza com um poder enorme de transformar o visual, sem mudanças drásticas no comprimento ou na cor do cabelo. Eu só não passo a tesoura na minha nesse minuto, porque tudo na minha vida gira agora em torno do casamento e, nesse caso, no penteado do casamento.

Fotos: Reprodução.

terça-feira, 21 de agosto de 2012

Assento preferencial

Jacqueline Costa

Há algumas semanas, peguei o metrô rumo a Congonhas para ir para BH e me deparei com a informação acima sobre as condições de utilização do assento preferencial.
Fiquei estarrecida com a definição de "pessoas obesas" gravada na plaquinha, qual seja, "IMC acima de 40". Imaginava o público alvo do aviso e constatei que a maior parte das pessoas, que o lêem, sequer imaginam o que seja o tal do IMC. Para os que algum dia já ouviram falar, 40 é um número inócuo. Ou seja, a informação foi transmitida, mas o leitor não faz ideia do que ela quer dizer.
Pensei ainda que dos que sabem o que é o IMC, metade conhece a conta para obter o índice e a outra metade, só de pensar que existe uma fórmula com um dos termos ao quadrado (na verdade, a fórmula é peso dividido pela altura ao quadrado), prefere fechar os olhos e fingir que nunca viu a informação.  Algumas pessoas certamente já se perguntaram: se aparecer uma pessoa que é mais gordinha, mas que não me pareça tão obesa assim, será que eu preciso perguntar peso, altura e sacar uma calculadora da bolsa para verificar se ela se enquadra nas condições postas? Isso acontece quando o excesso de definições acaba desafiando a concepção de cada um sobre o tema.
Não quero ser extremamente crítica, mas ninguém me pede o meu IMC quando vou comprar uma calça jeans. Ele não me é questionado quando preencho um formulário médico em um pronto-atendimento ou quando vou a uma entrevista de emprego. Então, se não sei nem o meu IMC, por que deveria presumir o dos outros? Pior, o que aquela informação estava fazendo justo no metrô?
Por mais que o IMC maior do que 40 classifique o indivíduo como obeso mórbido, esse tipo de informação não acrescenta nada para os usuários do transporte coletivo urbano, que sequer devem saber disso. Não seria melhor deixar que o bom senso prevalecesse e gravar na plaquinha apenas que aqueles assentos eram destinados a pessoas obesas? Acho que todo mundo consegue distinguir um obeso quando se depara com um e saberá que aquele assento é destinado preferencialmente para ele.

No fim das contas, é o que acaba acontecendo todos os dias. As pessoas contam com o bom senso para não ocuparem indevidamente esses lugares. Acredito ser desnecessário desafiá-las com informações do tipo "IMC acima de 90",  que causa apenas desconforto e as faz pensar se o que elas entendiam por obesidade é aquilo mesmo ou se as coisas mudaram. Será que os obesos de antes não são mais tão obesos assim? Ou será que os obesos agora devem se identificar por aquele estranho dado: o tal do IMC?

Na expectativa de delimitar a concepção das pessoas, o aviso pode, na verdade, criar ainda mais constrangimento para os obesos. É como se os lugares reservados ali estivessem como se fosse uma concessão, um favor a essas pessoas. E definitivamente não é o caso.
As pessoas obesas demandam sim um tratamento diferenciado e a lei que determina que a reserva desses assentos para elas é apenas uma medida de justiça. É um absurdo não termos em todos os ônibus, trens e metrôs poltronas em que essas pessoas consigam se assentar com dignidade. Mas espero que em outros lugares, a informação seja apenas de assentos reservados para pessoas obesas, sem outras definições, sem IMC nem nada disso.

Foto: Jacqueline Costa

segunda-feira, 20 de agosto de 2012

Inauguração da Chanel no JK Iguatemi

Jacqueline Costa

Hoje será inaugurada a nova Chanel, voltada para perfumes e beleza, no JK Iguatemi, em São Paulo. Com 61 m², ela contará com esmaltes, maquiagem e fragrâncias da marca.

Entre as suas maiores novidades está o primeiro Espace Parfum do país, com um bar olfativo criado por Christopher Sheldrake. A loja também oferecerá a coleção Les Exclusifs, com treze fragrâncias em vidros idênticos, recriadas por Jacques Polge, inspirado no que Enerst Beaux, perfumista de Gabrielle Chanel, desenhou no passado, além dos últimos lançamentos da marca.

Para a escolha de itens de beleza e maquiagem, consultores especializados auxiliarão na escolha das clientes de itens de quatro coleções sazonais e de edições limitadas. Os produtos de cuidados com a pele também ganharam destaque na nova loja da maison.

O JK Iguatemi vem se firmando como destino dos amantes de produtos de beleza na cidade, desde a abertura da Sephora no mês passado. E para quem já se perdeu naqueles corredores, agora a abertura da Chanel traz um novo bom motivo para voltar.

Foto: Reprodução.

domingo, 19 de agosto de 2012

Células-tronco no dente de leite

Jacqueline Costa

Mais um texto meu foi publicado no www.juliapetit.com.br. Quando vi essa notícia, achei que coadunava perfeitamente com a linha editorial dos Petiscos e resolvi escrever o texto e enviá-lo. A Família Petiscos gostou e o publicou na última quinta-feira. Segue:

O Instituto Butantan, em São Paulo, desenvolveu uma técnica, que retira da polpa dos dentes de leite grande quantidade de células-tronco. Essas células são capazes de regenerar ossos, músculos e até neurônios e estuda-se no mundo todo como poderão ser usadas na cura de várias doenças.

A dificuldade de usar as referidas células está no fato de que são necessárias em grande número: cerca de 70 milhões para uma pessoa que pesa 70 quilos. Mas o grande avanço dessa descoberta está na possibilidade de multiplicação das células retiradas dos dentes de leite. E isso é bem mais simples do que se podia imaginar.

Mergulha-se essa polpa em uma solução de aminoácidos e ela produz dois bilhões de novas células. Mesmo após ser descartada e trocada por outra solução, a polpa continua produzindo novas células. Em apenas seis meses, o número de células-tronco pode passar de 100 bilhões. Essa descoberta coloca o Brasil à frente das várias outras pesquisas com a polpa do dente de leite no mundo. Ninguém conseguiu ainda essa eficiente multiplicação alcançada pelo Instituto Butantan.


Para tanto, o dente de leite deverá ser extraído pelo dentista e levado, no prazo máximo de 72 horas, para o laboratório. Espera-se que daqui a alguns anos, possamos armazenar essa polpa, que pode salvar vidas, em bancos de células-tronco.

A célula-tronco, extraída da polpa dentária, não causa rejeição e pode ser aceita por diversos pacientes. Além disso, não se trata de células geneticamente modificadas. São materiais, que normalmente são descartados pelas crianças, não havendo implicações éticas em sua utilização, grande empecilho para os estudos com células-tronco embrionárias.

Apesar de tantas vantagens, ainda será necessária uma série de testes para que sejam aplicadas em humanos. Alguns já vêm sendo feitos, como no caso da regeneração da córnea de pacientes vítimas de queimaduras e de algumas doenças, que levam a cegueira. Os resultados serão apresentados no segundo semestre de 2013. Há estudos também em desenvolvimento para que possam ser aplicadas para arteriosclerose, doenças cardíacas, regeneração óssea, de cartilagem e implantes dentários.

E nós ficamos na torcida para que essas pesquisas evoluam e sejam encontradas curas para as doenças, que consideramos hoje, incuráveis. A ciência nos traz cada vez mais esperança. E quando essa ciência é desenvolvida no Brasil, faz com que tenhamos muito orgulho e constatemos, que, apesar de tudo, a educação no país ainda nos rende frutos, como esses pesquisadores.

A fada perderá muitos dentinhos. Mas é por uma boa causa!

Foto: Reprodução.