quarta-feira, 31 de outubro de 2012

Ah, o verão!

Jacqueline Costa



Eu gosto tanto do verão! Sempre gostei! Não me refiro à estação do ano. O verão, para mim, é muito mais do que isso. O verão é praticamente estado de espírito. Exatamente por isso, quero falar do verão que tomou conta de mim nesses últimos dias. Refiro-me ao calor que tem embalado o ritmo não só das cidades do litoral, mas de todo o país.

Acho que as pessoas são mais alegres e mais animadas nos dias mais quentes. Sempre pensei assim. Quanto menos roupa para aquecê-lo, mais espaço o coração tem para alegrias. As pessoas me parecem mais dispostas a ver o tempo passar calmamente, medindo-o apenas pelo chopp bebido, pelos casos contados e pelas risadas dadas. E se no fim da tarde a chuva resolver dar todo o ar de sua graça, não tem problema! Direi: "Melhor assim! Que ela resfrie o meu quarto e traga aquele ventinho gostoso que me fará ter vontade até de me cobrir à noite."

E quem não gosta de colocar aquele short velho, meio rasgado como uma camiseta colorida, óculos escuros e havaianas e fazer disso praticamente uma farda para esses dias? Acrescentaria ainda o coque no alto da cabeça para permitir que o vento alcance a minha nuca. Para mim, não há nada mais confortável do que isso! Relativizo a elegância, para me sentir calma, leve e feliz nesses dias mais quentes e ver o que eles têm de melhor.

Sinto-me muito mais bem disposta nesses dias. Sei que muita gente não encara assim. Mas nem dou ouvido a todos os tipos de reclamação a respeito do tempo, que ouço. Sei bem como conviver com o pessimismo. O papai é assim. Tive que ir a Lisboa para entender que essa é uma característica praticamente genética dos portugueses, mas isso é assunto para outra história.

No fim das contas, não é necessário conviver com um português para entender o que é pessimismo. Todos nós sabemos bastante sobre esse sentimento arraigado nas pessoas. Quer expressão maior do que o Facebook? Se faz calor, as pessoas reclamam. Se faz frio, elas reclamam. Se chove, fica ruim. Só se esquecem que esses fatores na vida da gente que não podem ser controlados. Melhor seria se elas se concentrassem naquilo que podem mudar em suas vidas para que possam ser mais felizes.

Ser feliz para mim não é ter uma vida luxuosa, cheia de regalias, fazer muitas viagens, ter todos os itens must have da estação. Não é nada disso. Ser feliz para mim é encontrar alegria nas pequenas coisas e deixar que elas tornem nossos dias melhores. É viver feliz e ainda que tenha do que reclamar, deixar de ter essas coisas, que nos incomodam, como foco. Devemos nos concentrar em como mudá-las e não em seus porquês.

Obviamente o calor não é convidativo para o trabalho, mas não há nada que torne um fim de semana mais gostoso do que dias quentes. Adoro acordar com o sol batendo na varanda,  que pode ser um ótimo lugar para um café assim que ele baixar um pouco. Gosto de olhar pela janela e ver um monte de gente vestida para a academia ou para o parque e os gritos das crianças, brincando lá embaixo. Amo chegar do trabalho e ser recebida por aquela multidão com seus carrinhos de bebês fofos, que aproveitam os dias mais longos com o horário de verão e as sombras para se protegerem do calorão, deixando que suas crianças brinquem e interajam.

Nada como o céu azul desses dias, adicionado a todas as suas alegrias intrínsecas, para colorir a vida e para fazer ainda mais felizes os amantes do calor mesmo em sua versão calorão.

Foto: Reprodução.

segunda-feira, 29 de outubro de 2012

Saudades de Londres!

Jacqueline Costa



Nos dias nublados, é impossível não me lembrar do meu tempo em Londres. Nem choveu tanto assim, quando eu estava lá, mas parece que o sol se mantém mesmo escondido dali. Talvez o astro rei tenha percebido que naquela cidade, a beleza não depende tanto dele quanto nas praias do Rio de Janeiro. Em Londres, a cultura e a diversão independem do tempo e da natureza.

Sinto muito a falta disso. Sinto a falta de acordar, ir para a escola, conhecer todos os dias gente vinda do mundo inteiro e visitar tudo que podia ali. Fui a museus, praças, parques, musicais. Visitei galerias, prédios históricos e monumentos. Tentei entender a importância daquela cidade, da realeza e como o povo londrino pensa. São essas coisas que tornam as viagens incríveis para mim.

Acho que a falta que sinto somente é compreendida por quem, assim como eu, viveu essa experiência. Ficar longe de casa e longe do Gui foi, sem dúvida, o maior desafio a ser enfrentado. Você acaba saindo de sua zona de conforto e encontra em todas as novidades uma pequena dificuldade. Mas, no fim das contas, vale muito a pena.

Voltei com a certeza de que todo mundo deve passar por isso. Viver um tempo fora, sozinho e alijado do problemas cotidianos é incrível. É um tempo que você tem só para você. É o tempo de colocar as ideias em ordem, relativizar algumas coisas, dar importância para outras e de tomar decisões.

Eu desconstruí algumas das certezas, que tinha. Tornei-me mais calma, confiante e independente. Fiz tudo o que eu realmente queria fazer. Fui aos lugares, que escolhi. Aprendi a viver o que eu realmente quero viver, sem me deixar levar pelo que os outros querem que eu viva. No fundo, sempre abri mão de muitas vontades para satisfazer os outros. Mas a melhor e mais forte descoberta foi quando o meu presente de aniversário chegou: Era o menino! Eu estava mesmo muito apaixonada!

Às vezes, quando estou no metrô em São Paulo, sou capaz de ouvir, como se estivesse em Londres: "Mind the gap between the train and the plataform". Exatamente hoje, completa um ano que fui para aquela cidade e, a partir de então, ouviria tantas vezes essa mensagem.

Foto: Jacqueline Costa


sexta-feira, 26 de outubro de 2012

Alegre-se! É sexta-feira.

Jacqueline Costa



Enfim, sexta-feira! Ela abre as portas para a alegria, que normalmente nos contagia com a chegada do fim de semana. Não ter horário certo para acordar, poder tomar aquele café da manhã demorado e optar por almoçar um pouco mais tarde, só quando a fome aparecer, sair de casa para andar sem um objetivo definido ou ficar em casa com as pernas para cima e a cabeça vazia de responsabilidades e de compromissos, é tudo o que nos encanta.

Todas essas possibilidade podem ser encaradas ou nenhuma delas. Quem sabe? Quem sabe os amigos resolverão ir para um sítio e organizarão aquele churrasco com piscina? Quem sabe a gente resolva descer para a praia? Quem sabe será um fim de semana de muitas saídas, bares e boates? Quem sabe?

Essa é a grande marca do fim de semana: Poder escolher o que fazer ou optar por não fazer nada. Sempre temos inúmeras opções, mas nem sempre estamos dispostos a escolher qualquer delas. Esses dias em que queremos ficar em casa de cabelo preso e pijama, pensando na vida, também tem muito valor.

Depois daquelas fases de inquietação, em que a gente não consegue parar em casa e em que estamos sempre prontos, à espera de um convite para qualquer chopp, evento ou aniversário, a vontade de ficar mais quieto acaba nos contagiando. E a gente descobre o quanto é bom gastar uma tarde na companhia de um bom livro, no sofá da sala.

No fim de semana, só uma coisa é certa: Há opções para todo mundo. Dos bares e turmas mais animadas à TV para os solitários, que não querem sair de casa. De qualquer forma, poder quebrar o rotina de trabalho e estudos, que nos rege de segunda à sexta, é sempre delicioso.

Foto: Reprodução.

terça-feira, 23 de outubro de 2012

Ainda há muito por fazer

Jacqueline Costa


No dia a dia, vamos sempre acumulando uma porção de tarefas, pensando que as faremos quando tivermos tempo. Acontece que tempo é uma das coisas mais valiosas na vida de todo mundo. Sempre queremos mais tempo para encontrar os amigos, mais tempo para viajar, mais tempo para terminar com mais segurança um projeto importante e até mais tempo para não fazer nada. É a escassez do tempo em nossas vidas, que o faz ser tão valioso.

Quando esse é o tema, lembro-me sempre do Gui comprando passagens para BH. Enquanto eu estou sempre atrás das promoções e tentando me adaptar ao aeroporto mais longe e aos horários piores, ele me diz que 100 reais não pagam uma hora a mais com a nossa família, fazendo cair por terra qualquer argumento meu pró-economia.

Juntei a minha rotineira falta de tempo, de quem trabalha, estuda muito e ainda é dona de casa, com o acúmulo de várias pendências e mais uma lista de afazeres do casamento, elaborada no fim de semana. Hoje queria resolver o máximo possível dessas coisas. Foram ligações, e-mails enviados e recebidos, cobranças de respostas a fornecedores contactados e os "ok" começaram a surgir. Deleguei as funções, que me pareceram mais complexas e que dependiam de mais informações e pesquisas, e fui às mais diretas primeiro.

Como sempre diz o Gui, há muito mais "viadagens" intrínsecas ao casamento do que a gente imagina. São lacinhos, florzinhas e muitos outros detalhes, que ultrapassam o que é estritamente necessário. E quanto mais você dá asas ao "sonho", maior ele fica. É como chiclete. Mascar um é uma delícia, mas se você começar a colocar vários na boca de uma só vez, não é só a bola que será gigante.

Há uns anos atrás, eu pensava que só precisava de dias como esse, dedicado às pendências, nas férias, mas eu não tinha tantas responsabilidade, tantas contas para pagar, tantas informações para administrar e um casamento pela frente. Eu administrava apenas meus livros e cadernos. Os mais novos, que ainda estão nessa fase da vida, podem imaginar, mas não são capazes de compreender a minha vida agora. Daqui a pouco, eles também perceberão o que quero dizer.

Mais uma vez ele: o tempo, que passa sem que a gente se dê conta e, de repente, já não temos mais toda aquela disponibilidade, com tantos dias de férias duas vezes por ano, para resolver os problemas e descansar, sair com os amigos e descansar, ver TV e descansar um pouco mais. Algumas vezes, sinto saudades desse tempo. Mas elas estão ligadas ao fato de que, nessa época, eu via meus amigos todos os dias. As responsabilidades da vida adulta não podem esperar e não podem ser delegadas para os pais. No fim das contas, ter a própria vida, os próprios problemas e uma conta bancária, não tão gorda como gostaria, mas que é minha, é delicioso. Crescer dá trabalho, mas é muito bom.

Agora, tenho que ou ser mais organizada no meu dia a dia e não acumular mais nada, resolvendo tudo que aparece na mesma hora, ou tornar esse momento mais frequente. Tento sempre praticar a primeira opção, mas nem sempre é possível. Acabo, então, na alternativa B.

Ufa! Apenas os últimos itens da minha lista estão ainda em aberto, mas em breve, eu acabo com eles. Ou quem sabe, sem querer, o tempo me levará a acumulá-los com outras tarefas que forem surgindo? No fim das contas, é o que sempre acontece e me alegra saber que não sou a única no mundo que passa por isso.

Foto: Reprodução.


segunda-feira, 22 de outubro de 2012

Peruando

Jacqueline Costa



Na companhia da minha sogra, cunhada e primas, fizemos um verdadeiro tour pelos paraísos das compras em São Paulo. Fomos ao JK Iguatemi, a Oscar Freire, embaixo de chuva, e Shopping Iguatemi, com algumas paradas para as refeições e dicussão dos últimos detalhes do casamento. No fim das contas, conjugamos o verbo "peruar" em todos os tempos e modos.

Por causa do livro da Dauza Leão, demos voltas e mais voltas atrás de um sabonete italiano, que ela indica. Tudo por uma vida mais simples... Devo dizer que a simplicidade, que ela prega, além de trabalhosa, não é tão simples assim. A busca pela farmácia Santa Maria Novella, que o diga...

Andamos muito, fizemos algumas compras, mas o mais importante foi o quanto nos divertimos. Esses programas de meninas são bem cansativos. No fim do dia, esperamos só por um banho e por poder colocar as pernas para cima. Mas eles valem muito a pena!

Tem sim muita futilidade intrínseca a todas essa atividades, mas ver vitrines, falar bobagens e rir da gente mesmo rejuvenece. Toda mulher precisa viver um pouquinho disso tudo. A feminilidade também passa por esse caminho. Ver o que está na moda, planejar compras mais ousadas, experimentar peças, botar alguns saltos no pés, passear por livrarias são coisas que fazem com que o tempo passe e a gente nem perceba.

Talvez tudo isso seja, na verdade, uma boa desculpa para passarmos algum tempo juntas. Não tínhamos que ir às compras. Podíamos ter nos encontrado para um fim de semana na praia ou em qualquer outro lugar, porque, na verdade, isso é o que menos importa. Criamos, nessas saídas, momentos só de meninas, em que podemos avaliar, sem qualquer constrangimento, não só o nosso guarda-roupas e nossas gavetas do banheiro, mas o nosso humor, nossos planos, nosso corpo e a vida de um modo geral. No fim das contas, sem perceber, nesses momentos, nós mulheres acabamos mais unidas, mais amigas e verificamos o quanto temos em comum: Todas nós estamos mesmo à procura do que nos faz feliz.

Toda mulher merece dias como esses, em que não se pensa em nada. Deixamos os problemas em casa e nos produzimos para nós mesmas. Comemos e rimos. Discutimos nossas metas e inseguranças e rimos. Divagamos sobre a vida e rimos um pouco mais. Todo mundo tem que arrumar desculpas como essas de vez em quando, porque dias assim são mesmo o que faz a vida e o dia a dia se tornarem mais leves e bem mais fáceis.

Quero muitos outros fins de semana como esses, recheados de risadas e com muito boas companhias.

Foto: Reprodução.

domingo, 21 de outubro de 2012

Parabéns para o meu menino!

Jacqueline Costa



Hoje é dia 21. Em um outro dia 21, eu ia para o Chalezinho, para o show da Banda JPG, com as minhas amigas e com o Eduardo Romeiro. Estava tudo certo: nome na lista, roupa escolhida e cabelo pronto. Foi quando o Eduardo me ligou e me disse que se um amigo dele, que morou fora por um ano, não fosse, ele também não iria. Ele tinha que se encontrar com esse menino, porque não pôde ir lá do outro lado do mundo visitá-lo. Insisti e o Eduardo me disse que se eu colocasse o nome do amigo dele na lista, eles iriam.

Depois de muitas ligações e uma peleja danada, consegui resolver essa pendência e avisei para o Eduardo, que me disse que eles iriam e que, por falar nisso, ele achava que o menino era bem meu tipinho. Eu perguntei se ele não era feio-horrível e o Eduardo me respondeu que não. Não acreditei prontamente. Achei temerário fazê-lo. Preferi aguardar esse encontro para confirmar ou refutar a referida afirmação.

Cheguei lá, encontrei as minhas amigas e quando olhei para o outro lado da rua, vi que o Eduardo vinha com o tal amigo. Pensei: "Ele realmente é meu tipinho." Mas ali comigo havia nove ou 10 meninas e seria muita pretensão achar que ele olharia justamente para mim. Como de praxe, fiquei no meu canto, ao lado da caixa de som à noite toda, sem notar que ele tentava se aproximar de mim.

Ele me olhou e, depois que o show acabou, ele me beijou. Eu gostei do menino, mas, naquele momento, não podia imaginar que aquela noite mudaria tudo para sempre. Eu não podia imaginar que tinha conhecido o amor da minha vida. Eu nem cogitava que aquela ideia do Eduardo tinha sido uma de suas melhores, mais criativas e mais inspiradas!

A partir de então, a cada encontro eu fui me apaixonando mais e mais pelo Gui. Sou suspeita, mas acho impossível não se apaixonar por esse menino lindo, sincero, honesto, alegre, carinhoso e que, como eu, gosta de levar a vida de um jeito muito leve, o que é delicioso. Vivemos intensamente nosso namoro, noivado e agora esperamos pelo casamento.

Enquanto isso, enquanto não chega o dia de celebrarmos nosso amor com nossa família e amigos, comemoramos hoje, mesmo de longe, o dia dele. Muito mais do que um feliz aniversário, quero que ele tenha saúde e paz, para vivermos a vida juntos e multiplicarmos todos os dias a alegria de termos encontrado um ao outro.

Foto: Glades Olivier

sexta-feira, 19 de outubro de 2012

Sexta de samba! Ou melhor, de salsa.

Jacqueline Costa


Sexta-feira! É chegada a musa da semana. E com ela, nada combina mais do que sol, cerveja e samba.

Há algumas semanas, eu e o Gui acompanhamos o lançamento do DVD Ao Vivo em Cuba do Diogo Nogueira, aqui em São Paulo. Uma mistura de músicas famosas como "Verdade chinesa", "Madalena", "Ex-amor", "Que maravilha", "É", com alguns dos maiores sucessos da salsa. Um pouco antes, no show em Pará de Minas, tinha visto Diogo dançar samba de gafieira e agora ele se aventurava na salsa. Eu sempre gostei muito do ritmo latino e acho que não poderia haver melhor mistura.

O show é mesmo um grande espetáculo e vale muito a pena. O Gui, inclusive, concordou comigo. É bem diferente do show de samba tradicional, que tem apenas a banda, o cantor, o público e muita cerveja. Nesse, o cenário era impecável, reproduzindo com perfeição um anoitecer em Cuba. Os dançarinos da Companhia de Dança Carlinhos de Jesus são um show à parte e dão um toque mais do que especial ao espetáculo.

Assisti antes ao DVD em casa. O formato de doc-show é sensacional. Ficou lindo, especialmente pela despretensão de transformar em DVD aquele show feito em Cuba e as imagens das visitas, que fizera no país, que Diogo diz que sempre quis conhecer.

Numa dessas visitas, ele conheceu uma escola cubana, em que as crianças, além das matérias do currículo normal, têm aulas de música e canto. Lá, além de instrumentistas clássicos e do coral da escola, ele encontrou uma menina, que o encantou pela voz, realmente muito impressionante. Ela veio ao Brasil para se apresentar no lançamento do DVD aqui em São Paulo e, devo dizer, que essa foi uma das partes mais bonitas do show. Por isso, merece aqui um Play!


quinta-feira, 18 de outubro de 2012

Ela conta que teve um filho com um mendigo

Jacqueline Costa



Confesso que adoro ler as histórias de mulheres que a Marie Claire conta. Há a alguns dias, li a que, para mim, foi a mais forte. Pensei que essa poderia ser a história de inúmeras pessoas, que conheço, que acreditam no poder tranformador do amor.

Claro que o amor, como sentimento nobre, pode mesmo ser o pontapé inicial e servir de motivador para que as pessoas se tornem melhores. Mas existem histórias de vida, em que o amor não é capaz de operar milagres. É preciso muito mais do que isso. E foi o que aconteceu com uma mulher que conta que teve um filho com um mendigo.

Ela estava sentada numa praça, próxima à faculdade e relembrava mentalmente a matéria da prova, que faria naquele dia. Ela tentava se lembrar de cada detalhe dos versos de Shakespeare. Compenetrada, ela sequer percebeu que tinha invadido a área daqueles que moravam naquela praça.

Ela só notou que o tinha feito, quando um mendigo se aproximou dela e citou uma frase. No fim, disse que era de Shakespeare. Ela ficou impressionada com o que acreditava ser uma grande coincidência e se encantou.

Ela tinha acabado de se separar e concordado com a separação também das filhas, que foram morar com o ex-marido no Sul. Ela anuiu com a ida das meninas para longe, porque não tinha condições de criá-las. Era estudante e professora e para manter as duas atividades, se submetia a uma rotina extenuante de aulas atrás de aulas. Em algumas, era aluna e em outras, professora.

Estava atordoada, sensível e extremamente carente longe de suas filhas e com o fim do casamento. Aquela citação solta de uma frase, que sequer pode ser Shakespeare, abriu para ela um mundo de esperanças, que enchia novamente o seu coração.

Após uma brincadeira, eles foram parar num motel. No dia seguinte, ela enlouqueceu e marcou todos os exames possíveis e imagináveis, porque mesmo usando camisinha, ela tinha se entregado a um mendigo! Havia um homem lindo atrás daquela imensa barba, mas ele era um mendigo!

Naquele dia, ela lhe deu o telefone e, posteriormente, ele ligou pedindo que ela o encontrasse de novo naquela praça. Ela relutou, mas foi. Ele lhe disse que ela era a motivação que ele precisava para procurar um emprego fixo, largar os bicos, encontrar uma casa e que queria que ela fosse a mãe dos filhos dele.

Continuaram se encontrando e moraram juntos por algum tempo. No entanto, ele, portador de uma motivação extremamente volátil, herdada da vida na rua, acabava deixando os trabalhos e inclusive a casa dela e voltava para aquela praça. É como se as paredes representassem para ele uma prisão e o amor atenuasse a sua liberdade, o único bem de quem vive na rua.

Lidar com tudo isso não era fácil para ele. Menos ainda para ela, que tentou ajudá-lo de todas as maneiras. Buscou terapia, tratamento e tentava fazer com que ele se sentisse confortável. Mas todo o esforço era em vão.

Diante disso, idas e vindas no relacionamento dos dois se tornaram constantes. Eles terminaram. Algum tempo depois, em uma recaída, ela engravidou. Estava grávida de um mendigo e resolveu que, independente de ele sê-lo, merecia saber que seria pai.

Sua mãe sempre foi contra o relacionamento dos dois. Ela pesquisou todo o histórico dele e descobriu que ele tinha uma extensa ficha criminal por pequenos furtos, mas a filha compreendia a argumentação que ele apresentava: "Você não sabe o que é sentir fome." Realmente ela não podia imaginar como deve ser a vida e nem a história de quem foi parar na rua muito jovem.

Diante do posicionamento da mãe, ela acabou ensinando para ele como entrar em seu quarto pela janela, sem que a mãe o visse. Ele aprendeu e usou isso quando sentiu que ela e o filho, depois de nascido, ameaçavam seu namoro com uma outra moça muito ciumenta. Ele entrou pela janela, quando ela estava tomando banho, e a agrediu enquanto teve forças. Tirou o cadarço do tênis e começou a enforcá-la. Só parou porque ela pediu para que ele pensasse no que seria do filho deles sem ela. Completamente bêbado, ele caiu em um sono profundo ali mesmo. Tudo, na frente do filhos dos dois.

Ela foi à polícia e, posteriormente, na justiça, teve deferido um pedido liminar que o impedia de se aproximar dela. Mas ela, pelo filho, promoveu a reaproximação e leva o menino para jogar bola com o pai nos parques da cidade. O pequeno não sabe que o pai é mendigo e ela diz que não revelará enquanto ele estiver trabalhando. Fez esse acordo com ele.

Concordo que dessa história nasceu um menino, que deve enchê-la de alegria e preencher um pouquinho do buraco, que a ida das filhas para o Sul deixou. Essa é a parte mais bonita dessa história: uma criança, por quem ela viverá, se esforçará e batalhará cada vez mais. Ela ganhou motivação para tudo isso.

Mas não consigo deixar de pensar nas dificuldades intrínsecas ao relacionamento com o pai da criança. Digo isso não só por ela já ter sido agredida por ele, mas por ser extremamente complicado lidar com a informação de que ele é um mendigo. Não é preconceito. É realidade. Já imaginou o que o filho dos dois surportará na escola, se os colegas souberem disso? Crianças são cruéis umas com as outras. Mesmo entre adultos, o que é diferente sempre choca. Ela também já deve ter sido vítima, por diversas vezes, de críticas e comentários das pessoas em seu círculo social.

O amor dela não foi capaz de transformar a realidade dele. É preciso muito mais. É muito difícil entender o que pensa e o que sente quem vive na rua. Ajudá-los, por maior boa vontade que se tenha, é um esforço extenuante, que pode acabar não dando nenhum resultado.

Os moradores de rua têm muita dificuldade de lidar com temas corriqueiros para nós, como voltar para casa todos os dias. Eles entendem que isso significa uma restrição na liberdade, que têm nas ruas. Eles já não sonham, como a maioria dos brasileiros, com a casa própria. E, na maioria das vezes, não conseguem nutrir e fortalecer vínculos. Eles não se prendem a nada. Muitos deles, além de conviverem com essas questões por força do tempo, em que já estão nas praças e calçadas, foram parar lá impulsionados por alguma doença mental, algum transtorno, que já tinham antes de saírem do conforto de seus lares. Essa é a verdade. Basta ter contato com alguém, que já teve a oportunidade de trabalhar com moradores de rua. Eu pude fazê-lo, enquanto estava no Pólos de Cidadania da UFMG, e isso abriu um universo de informações sobre essas pessoas e sobre como veem o mundo, o que para mim, até então, era completamente desconhecido.

Quero dizer que apenas amor não é capaz de sustentar relação nenhuma. É preciso muito mais além disso. Quando escolhemos alguém para dividir a vida, muitas coisas entram em cena. É preciso cultivar o mais profundo respeito e admiração. Apoiar-se mutuamente não significa sustentar-se no outro por tempo indeterminado.

E cada um traz para o relacionamento uma vida e uma história, de que é impossível se dissociar. As pessoas mudam. Eu realmente acredito nisso. Mas o primeiro passo para a mudança é saber como lidar com o passado. Construir um muro entre o que eu sou e o que eu era, para esconder essa parte de mim do outro, não funciona. Mesmo as mais fortes construções são demolidas com o tempo. É preciso aprender a conviver em paz com o passado, por mais tormentoso, que ele seja.

Quando li a história dessa mulher, pensei que eu conheço sim várias pessoas que acreditam no amor sem limites, num mundo em cor-de-rosa e que o amor salva tudo e cura todas as dores. Conheço muita gente que acredita no outro incontestavelmente, que divide um copo com alguém, que mal conhece, e à medida que ele se esvazia, vai contando toda a vida. A pureza de espírito e inocência dessas pessoas as tornam susceptíveis a histórias como essa.

Guardei esse caso no meu Reader por alguns dias, mas resolvi contá-lo aqui justamente para essas pessoas, que acreditam que o amor é capaz de tudo. Infelizmente sozinho ele não dá conta de nada.

Foto: Reprodução. 


quarta-feira, 17 de outubro de 2012

#vivamalala

Jacqueline Costa



A menina paquistanesa de 14 anos, Malala Yousafzai, foi castigada pelo Talibã. Por quê? Malala defendeu o direito à educação em seu país.

Ela criou um blog na BBC Urdu (rede britânica no Oriente Médio) e passou a contar seus dias, após a proibição de as meninas irem à escola. Isso ocorreu em 2009, quando a sharia entrou em vigor no Vale do Swat, onde sua família mora. A imposição da lei islâmica foi a forma que o governo paquistanês encontrou de acordar com o Talibã um cessar fogo na região.

Por causa do blog da menina, a família de Malala participou de um documentário que descrevia a vida no Paquistão. Em algumas passagens, ela dizia que não se importava de se sentar no chão da escola, porque, para ela, o importante era continuar tendo a oportunidade de aprender.

Por isso, atiradores invadiram o ônibus, em que ela estava, quando saía da escola no sudoeste de Islamabad, no último dia 9, e a balearam na cabeça e no pescoço. Ela foi transferida para o Hospital Quenn Elizabeth em Birmingham, na Inglaterra, em que ela permanece inconsciente e seu estado ainda é considerado grave. Todavia, os médicos disseram que há esperanças de que ela se recupere, mas isso pode demorar vários meses.

A autoria dos atentados foi assumida pelo Talibã e um porta-voz disse que isso se deve ao fato de que ela era jovem e disseminava ideias ocidentais no oriente. Ele afirmou ainda que caso ela sobreviva, o grupo tentará matá-la novamente.

O pai de Malala dirige uma escola para meninas e disse em entrevista concedida após os atentados, que ela, desde 2009, vinha sofrendo ameaças do Talibã, que segue vivo e continua se fortalecendo em vilas, especialmente próximas das fronteiras com o Paquistão.

Talvez, algo que nos é constitucionalmente assegurado e tão natural desde a infância, seja um risco para o grupo, que quer impor seu domínio naquele território pela força. Realmente não existe nada mais poderoso do que a informação. Independente da cultura, um povo educado é um povo questionador, que deixa de simplesmente aceitar tudo aquilo que lhe é posto.

Existe entre nós, brasileiros, e o povo paquistanês um imenso abismo cultural. Nós não podemos julgá-los ou pensar seus costumes com a nossa cabeça, educação e cultura. O respeito e a tolerância entre eles é manifestada de uma forma muito diferente do significado que eu atribuo a essas palavras. Eu aprendi que não devemos julgar uma cultura tão diferente quanto àquela, com a minha concepção de mundo.

Mas o que aconteceu com Malala não se trata de uma questão meramente cultural. É muito mais do que isso. A vida dela está em jogo simplesmente porque ela quis estudar, porque ela quis ter acesso a um mundo de informações, que lhe foram privadas pela imposição de um grupo, para quem a difusão da cultura e da educação não é interessante. Eles não buscam um povo pensante. Definitivamente a formação de uma nação com consciência crítica é um risco para aqueles que detém o poder. A educação é, de fato, perigosa. É a partir dela que o povo toma consciência de sua força e de sua capacidade de instituir mudanças.

Que Malala não seja apenas uma menina a virar mártir e inspirar prêmios de paz. Que ela inspire iniciativas em prol da educação no mundo inteiro. Afinal de contas não há forma mais bonita de se mudar uma realidade do que por meio da educação.

Foto: Reprodução.

terça-feira, 16 de outubro de 2012

Oneomania, a doença do consumo

Jacqueline Costa


Hoje, enquanto tomava meu café da manhã, assistia às notícias dessa manhã de terça-feira. Afinal de contas, diante do previsível caos do trânsito de São Paulo e na iminência de mais uma greve dos metroviários, sair de casa sem essas informações pode ser um risco para o o meu coração impaciente.

O jornal noticiava, que, desde cedo, fiéis lotavam a Paróquia de Santa Edwiges, cujo dia é comemorado hoje. O padre explicava, que as pessoas que estão imersas em dívidas e mais dívidas se socorrem da santa, conhecida por auxiliar a vida financeira de seus devotos. Mas ele salientou, que a Santa sozinha não opera milagres. Cada um tem que fazer a sua parte e ela apenas auxilia os mais desesperados.

Vim para o trabalho, pensando no quanto é comum ver jovens, que não sabem exatamente como lidar com vida financeira, não se preocupam com o futuro, não pensam em poupar e acabam comprando sem pensar em como pagar o novo bem adquirido ou se realmente precisam daquilo. Por isso, continuei lendo mais sobre o tema.

Segundo noticia o Jornal O Globo, a doença, que atinge 8% dos americanos, chegou ao Brasil. É a oneomania. Ela acomete os chamados compradores compulsivos. Um dos sintomas, que apresentam as pessoas que sofrem desse mal, é esconder as compras. Não se trata de um transtorno bipolar ou TOC. A oneomania é uma doença, que demanda um tratamento específico, apesar de muitas vezes vir acompanhada de depressão e entrega ao álcool e às drogas.

A pessoa que sofre desse mal costuma se considerar mão-aberta, até comprometer a renda pessoal e muitas vezes, a de sua família. É comum histórias, como a da entrevistada do jornal, que conta dever três vezes o seu salário. Ela trancou a falculdade, por não conseguir pagar as mensalidades, tem os cartões de crédito estourados e sonha em conhecer a praia, mas não consegue juntar 600 reais para realizar o sonho.

Outro entrevistado narra a perda do negócio, que possuía, e a dilapidação de todo o patrimônio da família. A partir de então, ele percebeu que havia algo errado. Procurou ajuda e, além do tratamento psiquiátrico, a que se submete, frequenta um grupo de devedores anônimos, nos moldes do AA. Segundo eles, alguns amigos do grupo não suportaram a pressão das dívidas e acabaram se matando e um ex-policial matou um credor, que o vinha cobrando com frequência.

Histórias como essa têm se tornado cada vez mais comuns. As pessoas não sabem usar o cartão de crédito e acabam se endividando. A partir do momento em que elas aprendem a conviver com a renda compometida, surge o risco de praticar cada vez mais o consumo desmedido e descompromissado. Muitas pessoas, a partir disso, acabam se tornando compradores compulsivos.

A moda e os lançamentos de coleções e pré-coleções com intervalos cada vez menores estimulam também sobremaneira o consumo. Quantas vezes já ouvimos relatos de pessoas, que compraram peças que nunca usaram? Isso é um sinal de alerta.

A compra pela compra deve ser abolida da vida de qualquer pessoa. Penso que uma coisa que não sai de moda é a compra consciente. Investir em peças, que podem ser usadas em diversos looks sempre esteve em alta. E verificar bem antes de digitar a senha do cartão se aquela nova peça realmente lhe será útil e combina com seu estilo, é fundamental.

Comprar não pode ser encarado como uma terapia e pode, na verdade, acabar saindo muito mais caro do que a sessão de um bom terapeuta. Contei aqui a minha saga com a sandália feia-horrível, adquirida num momento de extrema sensibilidade, no link http://todaconversada.blogspot.com.br/2012/09/sensibilidade-cara.html, mas acabei não revelando o que aconteceu depois. Voltei à loja e tentei reaver meu dinheiro , o que foi em vão. Sem opção, troquei por um sapato preto bem básico, mas sobravam quase 60 reais daquela maldita compra. Tive, então, que investir mais 50 reais na troca por outro produto, que, sem dúvida, não precisava.

Acontece com todo mundo. Então, num momento de fraqueza, acho que o negócio é mesmo se apegar com Santa Edwiges...

Foto: Reprodução.

segunda-feira, 15 de outubro de 2012

Dia do professor


Jacqueline Costa



Hoje é dia do professor. Comemora-se hoje o dia do profissional da educação.  Daquela pessoa que elegeu essa profissão como forma de sobreviver. Daqueles que passam o dia entre alunos, carteiras e quadros.

Lembro-me que, na semana passada, ouvia uma moça no metrô conversando com uma amiga sobre o ofício. Ela concluía que tinha elegido o sonho errado, para realizar na vida. A educação brasileira, quando resolveu que queria se dedicar profissionalmente a ensinar, parecia ser bem mais colorida, bem mais cheia de vida e bem mais instigante.

Depois, a dura realidade passou a consumi-la. Ela precisa dar aula em três turnos e em escolas diferentes para se manter em São Paulo. Com essa rotina, ela não consegue planejar as aulas, as provas e demais atividades, como gostaria. Assim, acaba dando uma aula mais ou menos e se frustrando bastante, porque não faz tudo que deveria e muito menos do que gostaria. Em função disso, aquela professora do metrô narrava as doenças e estresse, a que se submete, para dar conta de tantas turmas. Além disso, ela não tem tempo sequer para pensar em continuar estudando.

Essa não foi a primeira vez que ouvi uma história como essa. Penso que todo mundo já tenha ouvido um relato como esse e se entristecido por constatar que a esses profissionais compete o futuro do nosso país.

Infelizmente, aqui no Brasil, os professores não são valorizados nem respeitados, como deveriam. Muitos deles se dedicam e tentam construir algo novo e melhor, mesmo diante de todas as precariedades da estrutura, que lhe é oferecida. Outros acabam migrando para escolas privadas e desistindo do sonho de mudar a vida dos que mais precisam, por meio da educação.

Essa, sem dúvida, é uma categoria de heróis, que merecem todo o reconhecimento, não só hoje, mas todos os dias. Todos eles se comprometeram com a educação e com a construção de uma sociedade muito mais informada e instruída. Além disso, ensinar é um dos atos mais solidários, que pode existir. É doar um pouco de si. É compartilhar conhecimento.

Já perdi as contas de quantos professores tive ao longo da vida: alguns na escola, no cursinho e nas faculdades; outros fora desses lugares. Afinal de contas, a gente aprende o tempo todo. Todos contribuíram, de alguma maneira, com a minha formação. Muitos me ensinaram muito mais do que a matéria, que estava nos livros. Cada um é um pouco responsável pelo que sou hoje.

Quero muito fazer parte desse grupo de pessoas, que tem por ofício ensinar. Mas quero fazê-lo de outra forma. Quero muito dar aulas, por gosto, por prazer, por hobby, sem que isso seja a minha principal fonte de renda. Quero tornar essa atividade mais uma alegria e contribuir um pouquinho na formação de algumas pessoas, que se encontrarem comigo na sala de aula. Quem sabe um dia?

Foto: Reprodução.

O que elas procuram na balada


Jacqueline Costa



Há meninas que mal podem esperar o fim de semana para se jogarem numa festinha. Há outras, que se dizem mais caseiras, mas que a última coisa que veem nos dias de folga é a própria casa. Outras ainda vão apenas naqueles chamados eventos de grande magnitude, naqueles em que todo mundo que conhecem estará presente.

Umas preferem um churrasco, uma festinha da turma durante o dia ou um samba à tardezinha. Outras gostam mesmo da balada com músicas eletrônicas, para onde vão já no fim da noite, início da madrugada. Outras ainda preferem lugares mais alternativos ou mais ecléticos.

Há programas para gente de todo jeito, de todo lugar. Independente do estilo, em toda cidade grande, há baladas para todo tipo de público. Da burguesinha à desapegada, tem lugar, música e “bons drink” para todo mundo.

Mas uma coisa é certa. Além de se divertir, as solteiras, assim como os solteiros, por mais que propaguem a máxima do “eu só quero me divertir”, estão abertas ao encontro de alguém especial. Esse pode não ser o foco, mas que essa abertura existe, existe.

Quando esse é o tema, lembro-me sempre das meninas mais próximas de mim, reclamando da falta de atitude masculina. Sempre há os mocinhos mais avoados, que não percebem qualquer sinal, nem mesmo se a menina desenhar para ele. Mas essa não é a regra. Muitos veem, mas fazem questão de fingir que não viram. Parecem esperar que a menina se aproxime e puxe papo.

Ultrapassada a barreira da falta de atitude, muitos, no fim da noite, não pegam o telefone. Esse, pelo menos, são sinceros. Deixam claro que não querem nada além daquele encontro casual. Pior são os que pegam o telefone, fingem interesse, mas nunca mais dão nem sinal de vida.

A situação a ser classificada como ruim-péssima é aquela em que posteriormente ele a chama para sair e isso se torna frequente. Quando ele se dá conta de que a relação está evoluindo, acende a luz de alerta vermelho e ele foge. Some e não assume que o que está vivendo pode ser uma relação bacana, que pode durar para toda a vida. Esses são os covardes.

Estou falando dele com ela, mas o contrário também acontece. E é mais frequente do que imaginamos. Essas pessoas definitivamente não têm em mente aquilo, que um amigo meu sempre contava, que ouvia do tio: “A sua janela está se fechando!” Nas imediações dos 30 anos, ainda há muitos solteiros, mas muitas e boas opções já foram escolhidas. Esses já estão comprometidos ou já rumaram ao altar. Agora, resta se digladiar com os remanescentes, pelas remanescentes.

A vida passa muito rápido. Dias, meses e anos se vão sem que a gente perceba, porque nunca temos tempo de parar para pensar nisso. A juventude corre e, sem dúvida, envelhecer sozinho é muito triste.

Quando você se dá conta, todos os velhos amigos, da mesma idade que você, estão vivendo outra fase da vida. Eles encontraram alguém, com quem estão dividindo a vida e construindo um futuro juntos. Você continua vivendo a vida de solteiro. Ele ainda ostenta o título de rei da balada; ela, de rainha do desinteresse. Sem perceber, os amigos agora são outros, mais novos e que compartilham esse mesmo momento. Minha irmã gosta de dizer, que há aquelas pessoas que insistem em não sair da fase “Malhação” e há mesmo.

Mas sem dúvida, junto com o rímel, blush e sombra, as meninas, toda vez que saem para a balada, se investem da esperança de encontrar alguém interessante. Os mocinhos também se arrumam com o propósito de conquistar e, quem sabe, achar alguém que valha a pena.

Do footing às atuais baladas, sempre foi assim. Concordo que ninguém sai declaradamente à caça, mas todo mundo espera, ao menos marcar um golzinho, não é?

Ilustração: Leandro Benites em http://leandrobenites.tumblr.com/.