quinta-feira, 9 de agosto de 2012

Superação

Jacqueline Costa

Aqui vai mais um post escrito para o www.juliapetit.com.br e publicado lá:

Domingo, muitas pessoas se emocionaram com o homem mais rápido do mundo, Usain Bolt, que se consolidou bicampeão dos 100 m, colecionando, assim, a sua segunda medalha de ouro na prova. A primeira, ele conquistou em Pequim. Bolt foi o segundo atleta da história a se tornar bicampeão na prova mais rápida do atletismo (o primeiro foi Carl Lewis em 1984 e em 1988) e ainda obteve o recorde olímpico, com o impressionante tempo de 9s63.

É inegável que o atleta é um dos grandes destaques dessas olimpíadas, mas o que, de fato, me emocionou naquele dia foi a participação de Oscar Pistorius nos 400 m rasos. O atleta é o primeiro homem biamputado a participar de uma prova olímpica e paraolímpica do atletismo.


Após conseguir o índice olímpico para correr em Pequim em 2008, a Associação Internacional das Federações de Atletismo – IAAF (sigla em inglês) questionou se as próteses de fibra de carbono, que ele usa abaixo dos joelhos, o colocavam em vantagem em relação aos demais atletas. O Comitê Olímpico Internacional vetou, por conseguinte, a sua participação nas olimpíadas em 2008. Isso o levou a uma disputa judicial, que teve que enfrentar, para voltar a correr e, como o que parece uma constante em sua vida, ele venceu. No ano passado, conquistou novamente o índice olímpico e foi a Londres.

Uma pessoa, que sem as duas pernas consegue ultrapassar todos os tipos de barreiras e se torna atleta olímpico, personifica o que nós, que não conseguimos sequer nos imaginar em uma situação parecida, pretensamente chamamos de superação. Alguém que não passou por tudo, que ele passou, não é capaz de compreender a amplitude de significação dessa palavra: superação. E ele é muito mais. Ele é um dos grandes nomes dessa edição dos jogos olímpicos. Ele nos mostra o valor dos sonhos e de onde somos capazes de chegar com força e determinação.

Penso que correr ao lado de alguém como Pistorius deve ser uma benção. Foi assim que o primeiro colocado na semifinal, que ele disputou, e segundo colocado geral na classificação para a final dos 400 m rasos se viu. Ao final da prova, James Kirani se aproximou de Pistorius e o pediu a sua placa de identificação. Esse momento ficará marcado para sempre para todos aqueles que viram aquela imagem.

 











Certamente, a profissão atleta requer superação em tempo integral. Mas Pistorius teve primeiro que superar a sua própria condição, antes de começar a escrever seu nome no rol da história do esporte. Hoje certamente aquele momento está relacionado entre as imagens mais bonitas e mais eloquentes de todas as olimpíadas.

Ele terminou a prova em 23º lugar, mas o que isso importa? Não tenho dúvidas de que ele já é um grande campeão e é digno da admiração de todo o mundo. E ele quer mais. Quer treinar duro para voltar mais competitivo no Rio de Janeiro em 2016.

E quem duvida que ele conseguirá?

Fotos: Reprodução.

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