Procura-se um amor

Jacqueline Costa

Eu e o Gui, muito mais do que um casal, nos tornamos grandes amigos. Essa parceria me rende reflexões sobre tudo, especialmente sobre o amor, mas não só o amor que sentimos um pelo outro. Conversamos muito sobre o que as pessoas buscam, sobre o que elas imaginam que seja um grande amor.

Ontem mesmo, divagávamos sobre o amor em números. Explico: para o matemático lá de casa, tudo na vida pode ser explicado com alguma teoria que envolva probabilidade. Segundo ele, a probabilidade de encontrar um amor em uma micareta, por exemplo, está muito mais próxima de zero do que de um. Mas ele também não falou sobre em que lugar essa probabilidade tende para o um.

Realmente, tenho que reconhecer. Grande parte das pessoas, que frequentam esse tipo de evento, não está preocupada com isso. Elas buscam música, diversão e ocasionalmente encontram um parceiro, com quem terminam a noite.  Só que essa não é a prioridade e nem poderia ser.

O que me chama a atenção é que das pessoas, que conheço, as que mais demonstram desprendimento são as mais carentes, são as que demandam mais atenção e carinho. Talvez reverlar-se como solteiro convicto seja uma forma de esconder o quanto se quer ter alguém ao lado para dividir a vida. E se você toca nesse assunto com essas pessoas, essa estratégia de defesa vira, de imediato, um ataque fulminante, na tentativa inócua de justificar o quão boa a vida está.

O fato é que independente de teorias probabilísticas, dos lugares, que as pessoas frequentam, dos objetivos de vida de cada um, certo é que todo mundo quer viver um amor. Não há quem não queira sentir aquele frio na barriga, quando a pessoa amada se aproxima, quando o telefone toca e você atende, com voz trêmula. Não há quem não goste de ter alguém que te faça rir, que torne a sua vida mais leve e com quem você goste de se aventurar e de planejar o futuro.

Claro que todo mundo quer se apaixonar, mas nem todo mundo sabe que no amor é necessário antes dividir para que juntos possam somar. Nem todo mundo entende que é preciso abrir mão de uma parcela de liberdade pelo outro, sem que isso signifique se anular. Achar esses meios-termos é bastante difícil, mas eu não disse que era fácil. Há intrinsecamente, no que escrevi, a necessidade de esforço. Todavia, não é nada extenuante.

Esse é o amor que eu entendo ser factível e em que eu acredito. Essa é a tônica para um amor, leve, doce e muito divertido. Muita gente deve imaginar, como é fácil encontrar alguém, mas como é difícil encontrar alguém disposto a esse tipo de amor que vale à pena e encerra a carreira solo até do mais convicto dos solteiros.

Realmente não existe fórmula, hora, humor e nem lugar específicos para isso. Só posso dizer que, para todo mundo, sempre acaba acontecendo. O amor, de certa forma, aparece sem aviso. Não precisa ficar esperando como se ele fosse ele fosse o Cometa Halley, que passa mais ou menos a cada 76 anos. Basta estar disposto e mesmo que não aparente de forma explícita, esteja aberto a vivê-lo e a vivê-lo bem.

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