segunda-feira, 13 de agosto de 2012

Vemo-nos no Rio em 2016!

Jacqueline Costa


Ontem, Londres celebrou o encerramento das Olimpíadas 2012. A cidade finalizou brilhantemente os 17 dias de jogo, com muita música, moda e estilo. Afinal de contas, é impossível pensar em Londres sem qualquer referência a esses itens, que estão arraigados em sua cultura.

A organização quase impecável dos jogos é o retrato de uma cidade, que, dia a dia, investe seus recursos para a melhoria da vida de seus cidadãos, especialmente no que concerne à educação e à mobilidade urbana. Vale lembrar que Londres passou por adversidades, como o grande incêndio e as grandes guerras, que destruíram a cidade. Esse movimento de necessidade de reconstruí-la várias vezes mostrou para seus cidadãos que sempre é possível refazê-la e melhorá-la.

A cerimônia de encerramento marcou a transferência do evento para o Rio de Janeiro. Nos oito minutos de apresentação da cidade brasileira, que sediará os próximos jogos, tudo esteve dentro do previsto: mostramos em Londres o samba, a mistura cultural, o sincretismo religioso e, em meio a tudo isso, a diva Alessandra Ambrósio e o rei Pelé.


Nós, brasileiros, sabemos mais do que ninguém os problemas que temos que solucionar para oferecer ao mundo jogos olímpicos descentes, que forneçam aos atletas e turistas, que vierem acompanhar as disputas, o mínimo de organização, segurança e receptividade. Mas temos um fator, que em muito colaborará para o sucesso dos jogos aqui em 2016: a inquestionável beleza da cidade do Rio de Janeiro. É absolutamente impossível não se encantar pelo Rio e isso deve ser valorizado.

É claro que dependemos de investimentos significativos, mas, a partir do momento que a cidade se candidata para receber o evento, deve saber bem disso. É necessário pensar em uma estrutura concatenada de transporte não só para o Rio, mas entre o Rio e todas as cidades impactadas por esse evento. É preciso investir em uma estrutura esportiva completa, mas que seja realmente usada para formar novos atletas e não se torne um grande elefante branco após os jogos. É preciso fazer no Rio investimentos significativos em segurança, para que a cidade maravilhosa receba cada vez mais turistas, que se apaixonem por lá, como todo brasileiro, que o visita.

Tenho a certeza de que avanços estruturais significativos ocorrerão até 2016, para, pelo menos, minimizar problemas prementes. A minha dúvida reside na formação de atletas brasileiros. Esperamos que o país se organize, que sejam construídos centros de treinamento e que os existentes sejam modernizados. Desejamos que o país, que é do futebol, mesmo sem ter ainda alcançado o ouro olímpico, se torne também referência em muitos outros esportes.

As medalhas conquistadas em Londres são fruto de um esforço quase que individual. Muitos atletas ainda não são vistos como profissionais do esporte. Muitos treinam por conta própria e lutam para conquistar algum patrocínio. Outros são patrocinados, mas não de forma suficiente para fazer dos treinos e das conquistas o seu maior objetivo.

Certamente nós nos decepcionamos com várias derrotas, que contávamos como vitórias certas nas Olimpíadas de Londres. O futebol feminino ficou fora do pódio e o masculino, mais uma vez, deixou a medalha escapar. Fabiana Murer, Maurren Maggi e Diego Hipólito sequer disputaram as finais. Cielo não confirmou seu favoritismo nos 50 m livre. Leandro Guilheiro perdeu a disputa pelo bronze. O vôlei masculino perdeu a final depois de dois incríveis golden medal points.

Mas não são essas as lembranças, que tem que ficar de Londres. A campanha fantástica das meninas do handebol, que mesmo sem medalha, mostrou força, união e muito preparo. As gratas surpresas para o público em geral, que não acompanha de perto esses esportes, ficaram por conta de Saras Menezes, Esquiva Falcão, Arthur Zanetti e Yane Marques. Eu não os considero azarões. São atletas, que vêm se dedicando e treinando duro, para conquistar esses resultados, mas estão fora dos holofotes, que estão voltados para outros, que são considerados estrelas do esporte brasileiro.

O país precisa entender que todos os atletas, que representam essa nação, devem ser valorizados e precisam de condições dignas de treinamento. Eles fazem do esporte mais do que sua profissão. O esporte se torna a vida de muitos deles, que tem que abdicar da família, dos estudos e da vida social, para se dedicar apenas a ele. Esse sacrifício é recompensado com conquistas, que fazem com que todos os brasileiros se orgulhem, se encantem e torçam cada vez mais.

Por sinal, o Brasil, nessa Olimpíada, mostrou uma equipe de judô forte e muito competitiva em diversas categorias, conquistando quatro medalhas. A melhoria na organização desse esporte deve servir de inspiração para os outros. Pelos próximos quatro anos, os brasileiros torcerão por investimentos e iniciativas sérias para o esporte e toda a estrutura demandada para a formação de craques não apenas do futebol, mas de todas as modalidades olímpicas.

Fotos: Reprodução.

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