domingo, 19 de agosto de 2012

Células-tronco no dente de leite

Jacqueline Costa

Mais um texto meu foi publicado no www.juliapetit.com.br. Quando vi essa notícia, achei que coadunava perfeitamente com a linha editorial dos Petiscos e resolvi escrever o texto e enviá-lo. A Família Petiscos gostou e o publicou na última quinta-feira. Segue:

O Instituto Butantan, em São Paulo, desenvolveu uma técnica, que retira da polpa dos dentes de leite grande quantidade de células-tronco. Essas células são capazes de regenerar ossos, músculos e até neurônios e estuda-se no mundo todo como poderão ser usadas na cura de várias doenças.

A dificuldade de usar as referidas células está no fato de que são necessárias em grande número: cerca de 70 milhões para uma pessoa que pesa 70 quilos. Mas o grande avanço dessa descoberta está na possibilidade de multiplicação das células retiradas dos dentes de leite. E isso é bem mais simples do que se podia imaginar.

Mergulha-se essa polpa em uma solução de aminoácidos e ela produz dois bilhões de novas células. Mesmo após ser descartada e trocada por outra solução, a polpa continua produzindo novas células. Em apenas seis meses, o número de células-tronco pode passar de 100 bilhões. Essa descoberta coloca o Brasil à frente das várias outras pesquisas com a polpa do dente de leite no mundo. Ninguém conseguiu ainda essa eficiente multiplicação alcançada pelo Instituto Butantan.


Para tanto, o dente de leite deverá ser extraído pelo dentista e levado, no prazo máximo de 72 horas, para o laboratório. Espera-se que daqui a alguns anos, possamos armazenar essa polpa, que pode salvar vidas, em bancos de células-tronco.

A célula-tronco, extraída da polpa dentária, não causa rejeição e pode ser aceita por diversos pacientes. Além disso, não se trata de células geneticamente modificadas. São materiais, que normalmente são descartados pelas crianças, não havendo implicações éticas em sua utilização, grande empecilho para os estudos com células-tronco embrionárias.

Apesar de tantas vantagens, ainda será necessária uma série de testes para que sejam aplicadas em humanos. Alguns já vêm sendo feitos, como no caso da regeneração da córnea de pacientes vítimas de queimaduras e de algumas doenças, que levam a cegueira. Os resultados serão apresentados no segundo semestre de 2013. Há estudos também em desenvolvimento para que possam ser aplicadas para arteriosclerose, doenças cardíacas, regeneração óssea, de cartilagem e implantes dentários.

E nós ficamos na torcida para que essas pesquisas evoluam e sejam encontradas curas para as doenças, que consideramos hoje, incuráveis. A ciência nos traz cada vez mais esperança. E quando essa ciência é desenvolvida no Brasil, faz com que tenhamos muito orgulho e constatemos, que, apesar de tudo, a educação no país ainda nos rende frutos, como esses pesquisadores.

A fada perderá muitos dentinhos. Mas é por uma boa causa!

Foto: Reprodução.

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