sexta-feira, 17 de agosto de 2012

Always on my mind


Jacqueline Costa


Ontem completamos 35 anos sem Elvis Presley. O músico e ator americano se tornou internacionalmente conhecido como o Rei do Rock. Pelo seu timbre vocal e pela forma extravagante e ousada de dançar, ele se destacava entre os cantores populares da época.

Juntamente com o guitarrista Scott Moore e com o baixista Bill Black, Elvis foi um dos criadores do rockabilly, que misturava música country e rhythm and blues. Ele se tornou um dos maiores ícones do século XX e responsável por inúmeros sucessos, que não pararam de surgir inclusive após a sua morte.

Muitos defendiam que o rock, de que Elvis foi um dos precursores, seria a última revolução cultural do século XX, o que, de certa forma é verdadeiro. Todos os grandes nomes, que surgiram posteriormente, foram por ele influenciados de alguma maneira.  Elvis pagou um preço alto pelo seu pioneirismo e foi duramente perseguido por todos os segmentos mais conservadores da sociedade americana. No entanto, seu talento prevaleceu e até hoje ele é apontado como um dos maiores nomes da música de todos os tempos.

Até 30 anos após a sua morte, ele era o artista solo com o maior número de hits nas paradas de sucessos mundiais e o recordista mundial em vendas de discos com um bilhão e meio de cópias vendidas em todo o mundo.

Quem nunca ouviu dizer que Elvis não morreu? Acho que eu entendi exatamente o que isso significa, quando uma de suas canções mais famosas marcou a minha chegada em Londres e eternizou aquele momento para mim. Explico:

Deixei minha família, meus amigos e meu amor para passar quase dois meses estudando em Londres. Antes de partir, eu esperava que o tempo lá fosse diferente e que aquele turbilhão de novidades fizesse com que ele passasse bem mais rápido por lá. Mas já no avião me surpreendi com uma realidade bem diferente.

Eu estava diante de uma oportunidade pela qual tinha esperado por toda a vida e estava radiante por isso. Mas ao mesmo tempo, não conseguia parar de pensar que tudo que eu queria era que o Gui estivesse ali para que eu pudesse dividir com ele cada detalhe, cada pequena novidade daquela cidade, que, pouco a pouco, ia me conquistando. Queria conhecer tudo aquilo na companhia dele. Como estava lá sozinha, tinha que aproveitar ao máximo, por mais que estivesse morrendo de saudades.

No meu primeiro fim de semana em Londres, acordei cedo, peguei meu livro, que se tornou meu grande companheiro nessa viagem, e fui conhecer os primeiros detalhes da cidade. Queria ver tudo aquilo, que sempre vi apenas na TV. Queria conhecer todos os pontos turísticos mais característicos, na tentativa de me fazer entender que eu realmente estava ali e que aquilo tudo era sim real para mim. Resolvi, então, fazer um dos passeios a pé, que o livro propunha.

Fui pela Jubilee Line até Westminster. Desci ali e enquanto lia tudo que o livro pontuava sobre aquela linha do metrô, a sua importância e a imponência daquela estação, fui caminhando exatamente pelos corredores, que ele me indicava. Procurei a saída exata, como o livro descrevia, e me dirigi a ela.

Enquanto me aproximava, mais alta se tornava a música, que vinha de lá. Vi um moço, com um violão em punho, tocando e cantando Always on my mind e um casal ao seu lado, que se beijava apaixonadamente, ouvindo. Eles começaram a dançar e rodopiar naquele corredor meio estreito e eu via tudo aqui absolutamente encantada. Meu sonho agora contava com trilha sonora de Elvis.

Pensava na música. Acho que foi a primeira vez que, de fato, prestei a atenção nela, e ela me dizia exatamente o que eu sentia ali em Londres: eu não parava de pensar no quanto eu gostaria que o Gui estivesse comigo.

Saí daquele corredor e me deparei com o Tâmisa e a London Eye do outro lado do rio. Era tudo tão grandioso e tão bonito, que nem percebi que aquele típico dia cinza londrino apagava um pouco a magnitude daquele evento para mim, já que eu amo tanto acordar com um dia azul. (Essa é a minha primeira avaliação todos os dias. Olho pela janela do banheiro e um dia azul é capaz de me arrancar um sorriso muito mais largo do que o que acompanha o meu costumeiro bom dia).


Continuei lendo as páginas do livro uma a uma e aprendendo o significado de cada um daqueles símbolos para a cidade e para a Inglaterra. Foi então que o livro determinou e eu prontamente obedeci: "Olhe para trás. Vire-se de costas!" E foi aí que eu me deparei com o Big Ben. Lá estava ele. Era a primeira vez, que eu via aquele símbolo máximo da cidade que ia me conquistando dia a dia.


Mas tudo que eu queria era que ele estivesse ali comigo, a partir de então, percebi que desde a nossa despedida, ainda em BH, tudo que eu via e vivia tinha o Gui comigo always in my mind. Era impossível arrancá-lo dos meus pensamentos. Era impossível não perceber o quanto eu sentia a falta dele e o quanto eu realmente já estava apaixonada.

Depois que ele chegou a Londres e me surpreendeu na semana do meu aniversário, eu tive a oportunidade de apresentá-lo tudo aquilo nos mesmos moldes e com a mesma emoção do primeiro dia. E mesmo sem o cantor lá, eu ouvia Always in my mind. Acho que sempre que voltar, a música ressoará em meus ouvidos, como se fosse a primeira vez.

Fotos: Elvis - Reprodução. Outras - Jacqueline Costa.

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