segunda-feira, 28 de janeiro de 2013

Santa Maria, rogai por nós!

Jacqueline Costa




Ontem, acordei com a notícia da tragédia ocorrida em Santa Maria, no Rio Grande do Sul. Centenas de jovens, saíram de casa só para se divertir, tomar uma ou outra cerveja, dar boas risadas na companhia dos amigos, sem saber que jamais voltariam para a casa. No incêndio na boate Kiss, a maior para dos mais de 200 jovens, que perderam a vida lá, morreram asfixiados, na fumaça preta, decorrente da queima do material altamente inflamável e tóxico, usado para o isolamento acústico. Essas pessoas não conseguiram encontrar a tempo uma saída daquele lugar, que prometia alegria, às 23h do dia 26/01, mas acabou se tornando um inferno às 02h30' do dia 27/01.

Além da tristeza, do luto e da dor, muitos já julgaram e condenaram os membros da banda, que apresentaram efeitos pirotécnicos, que atingiram o teto e, ao que tudo indica, iniciaram o incêndio, e os donos da boate, que não tinha alvará de funcionamento, cujos seguranças inicialmente impediram a saída das pessoas, que não tinham pago a conta, e cujos extintores de incêndio não estavam funcionando. De fato, uma série de erros e de infelizes coincidências, para tentar ser delicada, tirou a vida de todos aqueles jovens, que só queriam, naquela noite, celebrar a vida.

Penso que o que aconteceu em Santa Maria, poderia ter acontecido em qualquer outra boate do país. Quem não se lembra do Canecão Mineiro, que pegou fogo há alguns anos atrás? Talvez aquela história não tenha nos comovido tanto, porque aquele era um espaço destinado a um público diferente de nós. Não sejamos hipócritas e nem chamemos isso de insensibilidade. De fato, não frequentava e não conheço ninguém, que o fizesse. Assim, ficava mais difícil me colocar no lugar de alguém que estivesse no Canecão naquela noite. Já em Santa Maria, o público era exatamente como eu. Aquele seria sim um lugar que eu frequentaria.

Aquela tragédia, poderia ter acontecido em qualquer outra cidade do Brasil. Quando penso nas condições de segurança ou a falta de segurança das boates, que já frequentei, eu ainda me assusto muito. Normalmente as boates têm saídas de emergência, mas todas trancadas com cadeado. A concessão de alvarás, muitas vezes, dispensa vistoria e é feita apenas com o pagamento da taxa correspondente e conferência de documentação. Além disso, os extintores de incêndio normalmente não ficam à vista do público em geral.

Espero só que tudo isso sirva para que os Municípios repensem a estrutura desses locais, fiscalizem efetivamente e exijam a utilização de materiais não tóxicos para o isolamento acústico e treinamento de seguranças e funcionários, para ações emergenciais. Quando penso em alguns locais como o Ziriguidum, que já contou com a minha presença em alguns sambas da madrugada, como o Alambique, Circus, Jack, Deputamadre e o Observatório, em que nunca fui apresentada a uma saída de emergência e tantos outros, tenho mesmo vontade de chorar e constato que o perigo está mesmo em todos os lugares.

Obviamente a tragédia de Santa Maria deve ser apurada e os responsáveis punidos. Mas, para mim, a culpa preponderantemente não pode ser atribuída a outro fato que não a omissão do Município, que deveria fiscalizar corretamente e exigir mudanças estruturais, que garantissem diversão sempre atrelada à segurança dos frequentadores. Quem deveria ter fiscalizado corretamente e impedido o funcionamento da boate sem alvará, mas não o fez, agora conta os mortos e feridos e apura as causas de tudo isso.

Espero que o que aconteceu na boate Kiss, o sonhos interrompidos ali, as famílias destruídas pela perda de seus parentes e amigos, que perderam outros amigos e a esperança no meio de tanta fumaça, inicie uma discussão ampla sobre um regramento específico para garantir a segurança desses locais e fiscalização efetiva. Como esse movimento de mudanças é lento, para não dizer lentíssimo, nós mineiros seguimos, em geral, preferindo os bares às boates.

Foto: Reprodução.

segunda-feira, 21 de janeiro de 2013

Para quando precisar desacelerar

Jacqueline Costa



Hoje acho que, desde que acordei, estou com uma vontade enorme de parar na frente do computador e escrever. Pensei em mandar um e-mail no formato de cartinha de amor para o Gui, mas pensei que essa seria a minha escolha óbvia. Depois pensei em fazer alguns exercícios de Português, para ver se a vontade passava, mas não deu certo. Agora estou aqui. Era disso que eu sentia falta.

Falar, por meio do Toda conversada, com as pessoas que dedicam um pouquinho do seu tempo para ler o que escrevo, me alegra, faz o tempo passar mais rápido e faz com que eu me sinta muito mais leve. Sinto como se fosse um desabafo, independente do tema escolhido. Adoro fazer isso e só diminuí o ritmo por uma causa bastante nobre: os estudos.

Claro que o foco da minha vida, nesse momento, é estudar, estudar e estudar mais um pouquinho.  Eu conheço um monte de gente nessa mesma situação, seja por causa do fim do semestre atrasado na UFMG, seja por causa de concursos ou OAB. Fato é que estudar é muito difícil, em qualquer situação. Manter a concentração e o foco o tempo todo, não é nada fácil. Queria ter o poder de ler mais rápido, aprender mais rápido e fazer exercícios na velocidade da luz, mas não tenho nenhuma dessas habilidades.

Eu também não sou do tipo, que consegue fazer outras coisas na vida além de estudar. Se eu sair, vou ficar o tempo todo pensando que se estivesse em casa, já teria estudado isso e aquilo. Não consigo relaxar. Com o tempo a gente aprende a aceitar que existem características nossas que não mudam. Entre as minhas imutáveis marcas, está essa.

Mas com o tempo, também aprendi que preciso de uma válvula de escape, já que não consigo sair, badalar, viajar nem nada disso. Em outras épocas, comeria desesperadamente. Agora, mais comedida, com a ajuda do Gui e com medo de não caber no meu vestido de noiva, tive que substituir essa válvula por outra.

Eu e o Gui buscávamos por alguma atividade física, que pudéssemos praticar juntos e a natação caiu como uma luva! Afastou as minhas dores no corpo, melhorou o meu humor e eu tenho dormido muito melhor. E nada bota a minha barriga para dentro  e fortalece as minhas pernas como a natação. Percebi, então, o quanto nadar tem sido importante para mim. Isso faz com que eu me sinta bem o dia todo e me dá mais energia para estudar.

Todo mundo precisa de um tempo para relaxar. Acho que encontrei o meu na piscina. Além disso, não tem segredo nenhum. O negócio é ficar colado na cadeira e meter a cara nos livros. Quanto a isso, não tem segredo. O negócio mesmo é correr atrás! À medida que o tempo vai passando, sinto como se tivesse começado uma corrida e agora estou na fase de aumentar o ritmo.

É assim que eu encaro as coisas. Ainda que depois da prova não tenha motivos para comemorar, terei, ao menos, a consciência tranquila de que fiz o que pude.

Foto: Reprodução.

terça-feira, 15 de janeiro de 2013

Ah, o verão!

Jacqueline Costa


Quando eu escrever um livro, vou contar uma aventura, um romance, talvez em forma de novela, mas que aconteça no verão. Sabe por quê?

O verão é muito mais do que uma estação do ano. Com ele todo mundo ganha em animação, bom-humor e em beleza. O dia parece mais colorido, a cerveja, no calor, muito mais gostosa, e as roupas curtas, muito mais confortáveis. Nada como passar o dia de biquíni embaixo da roupa. Nada como sair de casa com o corpo todo lambuzado de protetor solar. Nada como passar ao lado de alguém na rua e perceber que o hábito de se proteger do sol é compartilhado só pelo cheirinho de protetor.

O verão é mesmo um estado de espírito. É querer e ter disposição para comemorar, sem qualquer pretexto para isso. É a vontade de celebrar a vida. É se reunir com os amigos naqueles longos fins de tarde, que só essa época do ano tem, para jogar conversa fora e rir muito. É sair sem se preocupar com a maquiagem, com o sapato ou com a bolsa, porque qualquer short, camiseta e Havaianas se tornam traje de gala no verão.

Diante de tanta leveza, de tanta alegria e de tanto sol, é impossível compor qualquer história que não se passe nessa estação do ano. E tem ainda os amores de verão. Se tem uma época propícia para se viver uma história do ano, é essa! Namoro combina muito com praia, piscina, viagem, férias, tardes em frente à televisão, vendo o dia passar calmamente. Namoro, desde sempre, combina (e muito!) com sorvete.

E por mais que o tempo passe, ainda acho delicioso, passear na rua de mãos dadas e parar naquela lojinha do bairro para pedir um sorvete do meu sabor preferido, do sabor de sempre. Não consegui abolir esse doce da minha vida. Já sobre o sabor doce dessas tardes de verão, não pretendo abrir mão, porque sei que é impossível viver sem.

Foto: Reprodução.

sexta-feira, 4 de janeiro de 2013

Minhas gavetas


Jacqueline Costa



Todo início de ano é a mesma coisa. Acabo me perdendo naquelas infinitas tarefas, que o final do ano inevitavelmente nos traz, e acabo deixando as gavetas para arrumar no início do ano seguinte. Talvez conte com a chuva, que sempre me alcança no início do ano, onde quer que eu esteja, para me dedicar a tarefas indoor.

Arrumar as gavetas para mim significa colocar tudo em ordem. Não é apenas tirar do guarda-roupas aquilo que não uso mais.

Isso eu já costumo fazer sempre que compro alguma coisa nova. Acho que tem muita gente precisando. É impossível não pensar nisso, vendo todos os dias na televisão quantas pessoas perderam tudo com as chuvas. Por que, então, deixaria minhas roupas represadas nas gavetas? A gente acumula mais coisas do que realmente precisa e se perde entre tantas peças, tantos cabides e tantas opções na hora de escolher o que usar. Mas gosto de lembrar que opções são apenas aquelas coisas que entram no rol de escolhas na hora de se vestir. Se você já não usa mais aquela blusa há anos, ela nem é mais uma opção para você. Para que guardá-la?

Ok! A moda é cíclica. No entanto, a vontade de comprar é constante. Então, quando aquela saia voltar a ser a última moda, você provavelmente não vai usá-la. Vai querer comprar uma igualzinho, só com a cor diferente. Vai querer mesmo é comprar.

Superada a fase roupas, chega a hora de pôr tudo o mais em ordem chegou! Está na hora de lavar meus pincéis de maquiagem com xampu infantil e botá-los para secar no sol, assim que ele aparecer. Vou reordenar os espaços e garantir o melhor aproveitamento possível de cada cantinho, lavar, limpar e lustrar os sapatos.

Também costumo organizar recibos, documentos, exames e comprovantes de pagamento nessa época. Imprimo aquilo que acho necessário arquivar e elimino aqueles papeizinhos, que vamos juntando no fundo da bolsa sem a menor necessidade. Guardo as fotos, que foram tiradas recentemente, mas que ainda estão na minha câmera. Eu as compartilho com os amigos, que fizeram parte daquele momento e até escolho uma ou outra para a minha página no FaceSeparo as coisas, que quero levar para a casa da mamãe e faço uma listinha das que quero trazer de lá.

Depois que tudo fica pronto, é impossível não sentir uma leveza enorme e parece que o espaço se multiplica. É bom ter alguns espaços vazios. Minha mente e meu coração ficam muito mais leves assim.

Não tenho a menor dúvida de que adquiri essa mania de limpar e organizar com a família da mamãe. Fato é que hoje isso já faz parte de mim e não consigo deixar de fazer essas coisinhas, de arrumar tudo e deixar todas as coisas sob o meu preciso controle (pelo menos gosto de me sentir no controle, por mais que não o tenha de verdade).

Gosto de saber onde tudo está, quando preciso. Detesto dormir com gavetas e portas abertas. Aí já entra a minha face negra. Aquela em que a gente guarda as manias mais estranhas e os gostos mais estapafúrdios. Todo mundo tem a sua! A minha está, sem dúvida, na arrumação, no gosto pelo cheirinho de água sanitária e na alegria de lavar as mãos com detergente líquido, quando chego em casa.

Eu sofro da sensação de que sempre é necessário arrumar o quarto. Sou um pouco mais controlada do que algumas primas minhas, que o fazem quase uma vez por mês, mas bem mais desesperada do que a minha irmã. Nunca precisei ser pressionada para arrumar meu quarto, para tentar organizar as minhas coisas. Eu gosto mesmo de tirar alguns dias para isso.

São muitas coisas por fazer. Hoje comecei por organizar todo o meu material de estudo. Essa é uma das tarefas mais chatas, a que já fui submetida. Não tem a menor graça ficar na frente do computador, colocando as coisas em ordem, vendo o que não me é mais útil e fazendo cronogramas de estudo para as próximas semanas. Mas é o que tem para hoje, o que deve ser feito agora. Então, vamos lá!

Foto: Reprodução.

quinta-feira, 3 de janeiro de 2013

2013

Jacqueline Costa



Que 2012 foi um ano sensacionalmente fantástico para mim, não há qualquer dúvida. Criei o Toda conversada, fiquei noiva e louca com os preparativos para o casamento, estudei bastante, me mudei para São Paulo e estou pertinho do Gui. Antes de o ano acabar, fizemos uma viagem inesquecível para a Índia. Teve também carnaval e reveillon no Rio.

Olhando para trás, não tenho do que reclamar. Tenho uma casinha linda para onde voltar todos os dias e um amor, que é muito mais do que um companheiro. Ele é meu amigo, meu confidente e quem me faz rir desde o primeiro minuto do dia. Gosto do meu trabalho, apesar de ele não ser nada desafiador, intelectualmente falando. Amo os meus amigos, dos que sempre estiveram comigo e aos que entraram para a minha vida a pouco, por causa do Gui. Posso falar aqui no blog o que quiser, sobre o que vier a minha cabeça e pratico o meu melhor exercício quase que diariamente: escrever.

2012 foi um ano de muitas mudanças. Com todas elas, eu aprendi bastante. Estudando para outros concursos, aprendi a ter calma, paciência e disciplina. Com o Gui, aprendi que dividindo, a gente soma muito mais. Em São Paulo, aprendi a reconhecer o quanto é bom descobrir lugares novos, aprender a andar nas ruas e encontrar novos bairros, que farão parte da minha vida. Escrever tornou-se a minha terapia, um momento realmente meu. Encontrei aqui o meu espaço.

Agora, o que esperar de 2013? (Essa foi a pergunta que me fiz, enquanto me maravilhava com os fogos de Copacabana.) Não sei. Só sei que quero continuar aprendendo muito. Quero  fazer de cada oportunidade, única, de cada momento, especial e me surpreender sempre! Quero que os meus sonhos, mesmo que só os pequenininhos, se realizem. Quero dias leves, em que um pouquinho de preguiça tenha seu lugar, e cheios de alegria! Quanto mais risadas, melhor.

Já terei pela frente, exatamente até o fim do verão, dias bens difíceis e estou bastante disposta a encará-los. Vou estudar bastante e, em função disso, talvez fique um pouquinho ausente aqui. Mas, de vez em quando, passarei para matar as saudades, dar um "Oi!" e contar um caso, porque também não sou de ferro!

Então, até daqui a pouco!

Foto: Reprodução.

quarta-feira, 2 de janeiro de 2013

Então, é Natal. Na verdade, foi...

Jacqueline Costa



Mais um ano passou tão rápido, que eu não me dei conta de que o fim do ano se aproximava. Quando vi, já era dia 24 e eu já estava na mesa, aguardando a ceia da casa do Gui e, no dia seguinte, partindo para Florestal para o Natal da minha família. Amigo oculto realizado, presentes trocados, abraços apertados. São dos últimos de que mais gosto.


O ano passou rápido mesmo e eu acabei me perdendo no tempo. No ano passado, tinha acabado de chegar de Londres e vivido lá uma espera pelo Natal linda, bastante fria e diferente. As festas passaram. Eu não mudei de emprego, mas mudei de vida, de cidade e estou pronta e ansiosa para mudar de estado civil.

Fiquei noiva um ano antes do casamento. Semana passada, no almoço, revelei que faltavam cinco meses para o casamento. Fui corrigida. Já faltavam apenas quatro e agora, já menos do que isso.

No fim do ano, tratei de arrumar árvore, enfeites, flores. Eu sempre adorei toda essa função, que o Natal nos traz. Fiz um lanche de Natal, que não atentasse demasiadamente contra o regime e o Gui gostou. Sendo só para nós dois, o peru foi substituído pelo blanquet de peru light, que virou recheio do pão de queijo, permitido para os nossos lanches vespertinos. Comprei algumas castanhas para compor a mesa, mas que devem durar na despensa, pelo menos, até o carnaval.

A viagem para a Índia, no início de dezembro, fez com que me sentisse um pouco atrasada para entrar no clima de festas. Lá não tem Natal. Não vi luzinhas, pinheirinhos, o bom velhinho nem nada disso por aquelas terras. Por isso, cheguei com a sensação de que os preparativos para a noite feliz correram mais do que eu.

Eu esperava ter visto mais luzes, mais cores, ter andado mais pelas ruas e ter celebrado mais o Natal. Ontem, quando chegávamos em casa, eu contei para o Gui, que, desde pequena, eu me encanto pelas luzinhas, mesmo por aquelas mal colocadas só no tronco das árvores. Adoro os enfeites, as árvores, Papai Noel e tudo o mais.

Gosto mesmo e muito mais do que tudo isso do poder e da magia do Natal. Queria que todo mundo doasse mais do que adquirisse e recebesse, nesse época do ano. Queria que os encontros e reencontros fossem mesmo o que há de mais importante nessa data. Queria que todo mundo tentasse ser um pouquinho mais terno, mais humano. Queria mesmo muito mais amor, muito mais abraços e abraços bem apertados.

Bom, já falei dos meus desejos de Natal em http://todaconversada.blogspot.com.br/2012/12/o-natal-vem-vindo.html. Aqui, queria mesmo falar de como a data me surpreendeu esse ano. Acho que não foi só o Natal. A vida me surpreendeu. Muita coisa mudou. Eu mudei. Mas foi tudo tão bom e tão fantástico, que passou como num estalar de dedos.

Quero que a magia do Natal tome conta de todos os outros dias desse novo ano, que acabou de começar. Nunca é tarde para desejar isso para todo mundo que lê o Toda conversada!

Foto: Reprodução.

E se o mundo acabasse

Jacqueline Costa



Com essas coisa de fim do mundo dos maias, fiquei pensando na minha interpretação para o evento. Sim, a coisa ganhou o status de evento das redes sociais aos telejornais nacionais.

As pessoas descobriram o calendário maia e o entenderam das melhores formas possíveis. Ele foi associado ao fim dos tempos ou ao início de uma nova era. Algumas pessoas até buscaram abrigo em locais, que consideravam seguros, com estoque de comida e bebidas para os tempos de caos tão aguardados. Tive notícia de um moço aqui do trabalho, que foi para Alto Paraíso, no Goiás, esperar o fim dos dias... Como não acabou, ele já retornou à jornada de oito horas diárias por aqui.

Psy, o coreano do Gangnam Style, até ganhou o título de cavaleiro do apocalipse, por causa de sua dancinha maluca. Boatos davam conta de que quando o vídeo dele completasse um bilhão de acessos, o mundo entraria em colapso. Não foi o que aconteceu. Ele obteve seu bilhão de acessos e tudo permaneceu como era. Minutos, horas e dias continuam correndo normalmente depois disso.

Houve ali um claro problema de interpretação do evento. Isso normalmente acontece quando colocamos um fato meio histórico e místico à prova pela sabedoria popular. A criatividade, nesse caso, não tem limites e elevou o 21 de dezembro ao status de evento mais do que sobrenatural. Toda vez que a curiosidade em relação à nossa origem e para onde vamos é desafiada, todo mundo se torna autor de alguma tese boa (ou não) a respeito.

Eu penso o fim do mundo de uma maneira um pouco diferente. O meu mundo já acabou algumas vezes. O meu mundo da época do colégio acabou. Depois, veio a faculdade, o estágio e os escritórios, em que trabalhei. Esse tempo passou. Acabou. O mundo de coisas, que construí ali, definitivamente acabou.

E começou de novo em seguida. Novas relações foram construídas, fui aprendendo mais e mais sobre o trabalho, a vida e sobre mim mesma em cada nova oportunidade. Algumas pessoas, de quem tanto gosto, foram sendo deixadas para trás, em virtude do tempo, da correria do dia a dia e da dificuldade de manter encontros constantes. Mas outras foram vindo e eu sempre tentei aprender um pouco com elas e compartilhar aquilo que vivi.

Claro, que nem todas as pessoas ficaram no caminho. Muitas estão ao meu lado até hoje. Todas são importantes e me ajudaram a construir a minha história, mas nem todas seguiram o mesmo caminho que eu. Claro que desejo a todas elas tudo de bom e espero que cada reencontro seja um misto de saudades, carinho e muita alegria.

A vida passa e é composta por começos, fins e recomeços. Não conseguimos levar conosco todas as pessoas, que conhecemos ao longo da vida. Seria impossível fazer isso. O que dá para fazer é guardá-las com as melhores recordações.

O mundo também acaba quando sofremos uma decepção. Dependendo do tamanho, parece que o dia não vai nunca mais amanhecer para nós, mas acaba amanhecendo. Perder o emprego também é o fim do mundo, até que você arrume outro. Terminar um relacionamento é o fim, até que você se apaixone de novo.

É assim que a vida funciona. Tive 30 anos para descobrir isso e acho que aprendi direitinho. Recomeçar pode ser bem difícil, mas é muito bom.

Foto: Reprodução.