segunda-feira, 6 de agosto de 2012

Diferencial na busca por um emprego

Jacqueline Costa


Há alguns dias, quando ia para o trabalho com o Gui, ouvíamos a coluna de Max Gehringer para a CBN. O ouvinte questionava sobre o porquê de ele ser eliminado em seleções para vagas, em que seus concorrentes tinham as mesmas qualificações, como formação, cursos complementares, língua estrangeira e as mesmas características, que o cargo demandava.


Gehringer, sem pestanejar, disse que a grande questão pode estar em como a pessoa escreve, em como ela faz uso da nossa língua portuguesa.

Eu, obviamente, fui ao delírio. O que eu acredito que não seja mais do que a obrigação de qualquer brasileiro, tornou-se diferencial. As pessoas, que bem usam a língua, estão se destacando. É preciso agora ser fluente em Português, o que se tornou imensamente difícil.

Com o advento e popularização da internet, as pessoas perderam o mínimo cuidado que ainda tinham ao escrever. Comunicar-se, como objetivo, chegou a níveis extremos e aquelas palavras usadas apenas no mundo virtual foram trazidas, pelo hábito, à vida real. As pessoas escrevem tudo como se estivessem na internet, batendo papo em um chat com um amigo.

E realmente escrevemos cada vez menos. Não mandamos mais cartões postais, cartões de aniversário. Não escrevemos mais cartas de amor. Não fazemos nem as mais singelas declarações. Poesia: poucos de nós, já se aventuraram nesse campo. Muitos nunca sequer vão tentar.

E qual é a melhor forma de praticar, adquirindo vocabulário e diminuindo significativamente as dúvidas sobre ortografia e concordância (itens que compõem o cenário mais desolador, quando penso em Português)? Lendo. É com a leitura que desenvolvemos a habilidade, que se torna até uma competência, um ponto forte, que faz com que qualquer candidato se destaque.

Por mais que a informação esteja cada vez mais acessível, com os jornais grátis, com a internet de muito maior alcance do que há 15 anos, nós, brasileiros, não desenvolvemos o gosto pela leitura. Lemos cada vez menos, em média, apenas quatro livros por ano, segundo a 3ª edição da Pesquisa Retratos da Leitura no Brasil, com o levantamento dos dados feito pelo IBOPE. E ainda temos o hábito de escolher a leitura pelo número de páginas, quantidade de ilustrações e tamanho da letra.

Assim, não há como ir muito longe. Não há como escrever sem dificuldades. Não há como ter isso como diferencial. Ninguém se dedica a nossa língua ou a estuda com o mesmo afinco que o fazem em relação ao inglês. E aí eu pergunto: como é possível valorizar mais a fluência em língua estrangeira do que naquela em que fomos alfabetizados?

Eu não posso convencer a todos que se comunicar por meio da escrita é uma das melhores coisas do mundo. Não posso convencê-los de que escrever é a terapia mais barata que existe. Nem posso fazê-los começar a praticar hoje. Mas como eu gostaria...

Foto: Reprodução.

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