quinta-feira, 27 de setembro de 2012

Sensibilidade cara

Jacqueline Costa


Quando estive no shopping, nessa semana, para comprar o presente, sobre o que contei no post "Cinquenta tons de cinza", em http://todaconversada.blogspot.com.br/2012/09/cinquenta-tons-de-cinza.html, colecionei mais uma historinha.

Estava eu toda trajada para o inverno rigoroso, que recaiu sobre São Paulo nos últimos dias, e, como não podia deixar de ser, vestia botas. Aquele, desde que o adquiri, é o meu par favorito. Aliás, esse é o meu par favorito de três, porque até hoje, somente esses três fecharam na minha canela. E olha que assim que a coleção de inverno é lançada, ponho-me à caça nos shoppings e experimento todas as que me parecem bonitas ou, pelo menos, pouco feias. Eu nunca nem perguntei preços. Simplesmente provo todas e no final das contas, em toda a minha existência, só tive o prazer de sair toda alegre e com sacola em punhos nesses três casos.

Sobre a minha preferida, A Elisiane Andréia, a melhor vendedora, que conheço e sobre quem também já falei no post "O que encanta a mulher quando ela vai às compras?", em http://todaconversada.blogspot.com.br/2012/08/o-que-encanta-mulher-quando-ela-vai-as.html, encontrou a tal bota e constatou que em canelas bem mais roliças do que as minhas serviu. Sendo assim, ela indubitavelmente caberia em mim. Para garantir, a Déia Perigosa, como também é conhecida, pegou a 37, só para garantir (eu calço 35) e a levou para mim no casamento da prima Teti. Isso mesmo! Ela guardou a sacola na van dos parentes que saíram lá de Pará de Minas e logo após a cerimônia, entregou-me solenemente o calçado. Enquanto os convidados olhavam para aquilo incrédulos, ela anunciava: "Gente, lá na loja tem outros modelos lindos! Vocês têm que ir lá!" Provei e quase morri de emoção! Foram quatro suaves parcelas quitadas com louvor!

Desde então, sempre que o tempo fecha ou o frio chega, lá está a bota, minha grande companheira.  Passamos juntas grandes momentos na Europa, em que foram quase dois meses de companhia diária. E o inverno de São Paulo tem nos proporcionado um convívio mais intenso, nos últimos meses.

Toda a minha alegria chegou ao fim quando lá no shopping, depois que comprei o presente que procurava, na mesma loja dos "Cinquenta tons de cinza", precebi que ela estava rasgada. Meu mundo caiu! Fiquei desolada e completamente arrasada!

Sensível, rendi-me aos apelos do consumo e resolvi procurar outro calçado, como se qualquer um pudesse substituí-la. Entrei em uma loja e fui muito bem atendida, o que nunca acontece. Sempre achei que mesmo arrumada, devo ter uma cara de pobre ou de pão-dura, que me denuncia e faz com que os vendedores normalmente corram de mim. Mas naquele momento em que eu precisava de atenção, lá estavam elas. Isso mesmo! Duas vendedoras muito bem treinadas desceram quase todo o estoque para eu provar. Depois o Gui diagnosticou  toda essa atenção com apenas uma expressão bem verídica, no caso: "loja vazia".

Conversamos, contamos casos e elas me indicaram salões de beleza na região. Comovida com tão bom atendimento, comprei! Comprei um sapato caríssimo para os meus padrões. Já saí da loja arrependida por ter gastado de impulso o meu rico dinheirinho.

A grande surpresa veio quando mais calma e já pensando em onde encontrar um sapateiro bem habilidoso, na esperança de que a minha bota favorita viva em meus pés por mais tempo, olhei para o sapato recém-adquirido e me surpreendi comigo mesma e com toda a minha falta de discernimento num momento de fraqueza. Ele, sem sombra de dúvidas, está alguns níveis acima do que chamaria de feio-horrível. O sapato é uma coisa meio sandália, com amarrações no peito do pé, o que realça a gordura do meu e finaliza com um belo de um laço na canela. Isso porque nem mencionei os recortes feitos a laser no couro, uma beleza para marcar os pés, que incham no fim do dia com calor. Com a unha por fazer, pode ser descrito como a visão do inferno!

Chocada com a aquisição e com a minha rendição ao apelo consumista feminino em um momento de insegurança e incerteza, mostrei a aquisição ao Gui. Ele adjetivou o objeto, reproduzindo fielmente a minha premissa "bem acima do feio-horrível". Ele inclusive me incentivou a trocar por outro produto e disse, que se eu o fizesse, ele me daria o novo de presente. Seria muita vergonha desfilar comigo com aquele adereço quase carnavalesco nos pés.

Prevaleceu o bom senso e a economia. Não vou ficar com algo que não vou usar! Hoje vou voltar à loja para ver o que fazer, com a certeza de que vendedoras não são terapeutas e não servem, de maneira nenhuma, para suprir perdastão lamentáveis quanto a da minha bota. Vamos ver no que vai dar!

Foto: Reprodução e meramente ilustrativa. Infelizmente não encontrei o original para ilustrar.



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