segunda-feira, 24 de setembro de 2012

O tempo passa...


Jacqueline Costa



Ontem, na homilia, o padre falava apenas dos casais que, naquela missa, celebravam 50 e 60 anos de união. Ele contou uma historinha e floreou bastante simplesmente para dizer que o tempo passa, sem que a gente perceba.

Nunca paramos para pensar nisso. Não temos tempo para pensar no tempo. Não fazemos contas. Não contamos os dias e as horas. Isso só acontece quando falamos de saudades. Quantas vezes passei a semana contando os dias para matá-la? Perdi a conta. Parei de contar. Simplesmente esperei que logo o reencontro chegasse, com a sexta-feira.

O tempo realmente é um tema que me encanta. Quem diria que eu já estou na beira dos 30? Há dias em que eu me vejo como a menina curiosa da 3ª série, que pesquisava sobre tudo, que lhe chamava a atenção. Em outros, vejo-me como a mãe de família, que em uma relação inversa, se preocupa em cuidar da mãe, do pai, da irmã e agora do Gui e do Luhen. Outras vezes, vejo-me como a menina, que virou mulher e que descobriu que amar, como eu amo, e ter alguém que também está disposto a viver o amor, em que eu acredito, é a melhor coisa do mundo. É só o tempo do relógio que me separa de todas elas. Dentro de mim, vivo simultaneamente todas essas meninas, todas essas mulheres.

O tempo passa e quando constato que há dias não falo com alguém, de quem gosto muito, ligo. E ainda me impressiono quando converso e percebo que parece que ontem foi uma segunda-feira de “emboríveis”. Parece que não passou tempo nenhum desde que nos encontramos pela última vez.

Muitas vezes, a vida nos impõe condições adversas para cultivar uma relação de dia a dia, mas é o tempo que nos mostra o que existe, de verdade, entre nós. À medida que ele passa, medimos, pelas saudades e por quão doces são os reencontros, quem queremos realmente levar para sempre conosco, dividir a vida e quem, de fato, faz parte da nossa história, dos nossos dias, do nosso tempo.

Quero cultivar mais relações assim, dessas em que o passar do tempo não deixa marcas, não deixa nenhuma dor. Pelo contrário, ele nos surpreende a cada reencontro, como se a nossa última conversa tivesse sido ontem ou apenas há algumas horas.

Foto: Reprodução.

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