quinta-feira, 20 de setembro de 2012

O que o dinheiro pode fazer por nós


Jacqueline Costa
Não posso dizer que estudar para concurso tenha só um lado ruim. Realmente é desgastante, cansativo, é algo que me deixa mais sensível, mais chata mesmo. Por outro lado, tenho a oportunidade de aprender muitas coisas bem interessantes. Muitas delas, eu já tinha visto na faculdade, em um curso ou em outro. Algumas outras, comecei a estudar agora, mas tenho gostado bastante.

Esse ritmo de estudos em nada me lembra da escola ou da faculdade. Talvez seja um pouco parecido com o cursinho pré-vestibular. Não que seja mais ou menos intenso. Ele é mesmo diferente, especialmente porque tive que aprender a reservar um tempo exclusivo para os estudos em meio a minha rotina com trabalho, casa, blog, Gui e Luhen.

Envolta por todas essas matérias, questões, aulas e explicações, acabo encontrando gratas surpresas. Encantam-me muitos dos textos escolhidos para serem interpretados nas provas de Português. Escolhi um, que me chamou a atenção, em particular, para falar sobre ele hoje.

Ele falava de consumo, algo tão recorrente e que praticamos sem pensar. Não consideramos que estabelecemos uma relação de consumo quando compramos o pão na padaria, quando pegamos um ônibus, para ir ao trabalho, ou contratamos um hotel para as férias. Desejamos mais, compramos mais, viajamos mais. Queremos mais e mais todos os dias. E o que nos faz realizar tudo isso? A resposta não é o trabalho. Na verdade, refiro-me ao produto do trabalho: o dinheiro.

O que é objeto de desejo hoje, provavelmente não será mais amanhã. É preciso fazer com que sempre tenhamos novos desejos. É preciso gerar demanda. As pessoas têm que querer comprar novidades, mesmo que elas sejam praticamente similares ao que elas já possuem. Elas querem ir para lugares novos e revisitar onde já foram. Todo mundo quer estudar cada vez mais, aprender cada vez mais, ler mais e mais. A cultura também é cara. Tudo isso nos é proporcionado pelo dinheiro.

Ele sempre nos fez, e ainda nos faz, mudar a nossa relação com o mundo. Muitas vezes, medimos as pessoas pelo que elas têm, pelo que elas parecem ter ou pelo que elas podem comprar. Também somos medidos assim. Num mundo em que tudo pode ser quantificado e precificado, não é um erro pensar dessa forma. Somos inevitavelmente levados a isso sem perceber que o fazemos o tempo todo.

O problema está naquelas pessoas que colocam as chamadas “posses” à frente de tudo. Fazem disso praticamente um critério para conviver com outras pessoas: para amá-las ou, até mesmo, odiá-las. Todo mundo conhece alguém assim. Acho que pode não ser comum, mas há ainda os mais sinceros que declaradamente assumem que gostam mesmo é de dinheiro. Para esses, os casamentos arrumados de antigamente seriam, quem sabe, uma boa saída. Obviamente a família correria atrás do melhor partido que pudesse.

Eu não estou nesse grupo. Gosto de dinheiro, gasto apenas o que eu posso e busco sempre algum tipo de vantagem em relação ao mercado. Eu me iludo com descontos e compras casadas. O que posso fazer se isso me faz, de certa forma, mais feliz?

Mas, algumas vezes, me rendo às marcas, especialmente as de alimentos. Já quando o assunto é maquiagem, sou mais resistente ao novo. Leio muito antes de me render a uma nova marca. Em geral, compro sempre os produtos das mais tradicionais.

Eu saio, compro, viajo, me divirto e me alimento às custas do dinheiro. Ele me proporciona tudo isso. E, de acordo, com um texto que li ontem, refazendo uma prova de Português: “Dinheiro é a maior invenção dos últimos 700 anos. Com ele, você pode comprar qualquer coisa, ir para qualquer lugar, consolar o aleijado que bate no vidro do carro no sinal fechado, mostrar quanto você ama a mulher amada ou comprar uma hora de amor. É o passaporte da liberdade. Com dinheiro, você pode xingar o ditador da época e sair correndo para o exílio, ou financiar todos os candidatos a presidente e comparecer aos jantares de campanha de todos”.

Esse passaporte da liberdade depende de esforço e de dedicação. Lembro-me daquela máxima: Trabalho é trabalho. Hobby é hobby. Primeiro você arruma um trabalho e depois você arruma um hobby”. É exatamente isso. O preço desse passaporte pode ser para muitos um pouco mais caro e mais sofrido do que para outros. Tudo depende da sua satisfação com o trabalho. Mas aí entra aquela história: Se trabalho fosse bom, chamar-se-ia férias.

Fotos: Reprodução.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

A sua opinião, positiva ou negativa, sobre as minhas palavras sempre é importante para mim. Obrigada pelo feedback e por me ajudar a aprimorar e pensar sobre o que escrevo!