Jacqueline
Costa
Não
posso dizer que estudar para concurso tenha só um lado ruim. Realmente é
desgastante, cansativo, é algo que me deixa mais sensível, mais chata mesmo.
Por outro lado, tenho a oportunidade de aprender muitas coisas bem
interessantes. Muitas delas, eu já tinha visto na faculdade, em um curso ou em
outro. Algumas outras, comecei a estudar agora, mas tenho gostado bastante.
Esse
ritmo de estudos em nada me lembra da escola ou da faculdade. Talvez seja um
pouco parecido com o cursinho pré-vestibular. Não que seja mais ou menos intenso.
Ele é mesmo diferente, especialmente porque tive que aprender a reservar um
tempo exclusivo para os estudos em meio a minha rotina com trabalho, casa, blog, Gui e Luhen.
Envolta
por todas essas matérias, questões, aulas e explicações, acabo encontrando
gratas surpresas. Encantam-me muitos dos textos escolhidos para serem
interpretados nas provas de Português. Escolhi um, que me chamou a atenção, em
particular, para falar sobre ele hoje.
Ele
falava de consumo, algo tão recorrente e que praticamos sem pensar. Não
consideramos que estabelecemos uma relação de consumo quando compramos o pão na
padaria, quando pegamos um ônibus, para ir ao trabalho, ou contratamos um hotel
para as férias. Desejamos mais, compramos mais, viajamos mais. Queremos mais e
mais todos os dias. E o que nos faz realizar tudo isso? A resposta não é o
trabalho. Na verdade, refiro-me ao produto do trabalho: o dinheiro.
O que é
objeto de desejo hoje, provavelmente não será mais amanhã. É preciso fazer com
que sempre tenhamos novos desejos. É preciso gerar demanda. As pessoas têm que
querer comprar novidades, mesmo que elas sejam praticamente similares ao que
elas já possuem. Elas querem ir para lugares novos e revisitar onde já foram.
Todo mundo quer estudar cada vez mais, aprender cada vez mais, ler mais e mais.
A cultura também é cara. Tudo isso nos é proporcionado pelo dinheiro.
Ele
sempre nos fez, e ainda nos faz, mudar a nossa relação com o mundo. Muitas
vezes, medimos as pessoas pelo que elas têm, pelo que elas parecem ter ou pelo
que elas podem comprar. Também somos medidos assim. Num mundo em que tudo pode
ser quantificado e precificado, não é um erro pensar dessa forma. Somos
inevitavelmente levados a isso sem perceber que o fazemos o tempo todo.
O
problema está naquelas pessoas que colocam as chamadas “posses” à frente de tudo.
Fazem disso praticamente um critério para conviver com outras pessoas: para
amá-las ou, até mesmo, odiá-las. Todo mundo conhece alguém assim. Acho que pode
não ser comum, mas há ainda os mais sinceros que declaradamente assumem que
gostam mesmo é de dinheiro. Para esses, os casamentos arrumados de antigamente
seriam, quem sabe, uma boa saída. Obviamente a família correria atrás do melhor
partido que pudesse.
Eu não
estou nesse grupo. Gosto de dinheiro, gasto apenas o que eu posso e busco
sempre algum tipo de vantagem em relação ao mercado. Eu me iludo com descontos
e compras casadas. O que posso fazer se isso me faz, de certa forma, mais
feliz?
Mas,
algumas vezes, me rendo às marcas, especialmente as de alimentos. Já quando o
assunto é maquiagem, sou mais resistente ao novo. Leio muito antes de me render
a uma nova marca. Em geral, compro sempre os produtos das mais tradicionais.
Eu
saio, compro, viajo, me divirto e me alimento às custas do dinheiro. Ele me
proporciona tudo isso. E, de acordo, com um texto que li ontem, refazendo uma
prova de Português: “Dinheiro é a maior invenção dos últimos 700 anos. Com ele,
você pode comprar qualquer coisa, ir para qualquer lugar, consolar o aleijado
que bate no vidro do carro no sinal fechado, mostrar quanto você ama a mulher
amada ou comprar uma hora de amor. É o passaporte da liberdade. Com dinheiro,
você pode xingar o ditador da época e sair correndo para o exílio, ou financiar
todos os candidatos a presidente e comparecer aos jantares de campanha de todos”.
Esse
passaporte da liberdade depende de esforço e de dedicação. Lembro-me daquela
máxima: Trabalho é trabalho. Hobby é hobby. Primeiro você arruma um trabalho e
depois você arruma um hobby”. É exatamente isso. O preço desse passaporte pode
ser para muitos um pouco mais caro e mais sofrido do que para outros. Tudo
depende da sua satisfação com o trabalho. Mas aí entra aquela história: Se
trabalho fosse bom, chamar-se-ia férias.
Fotos:
Reprodução.
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