quarta-feira, 28 de novembro de 2012

Sou assim

Jacqueline Costa




Já conversamos sobre a coisa de as pessoas nas redes sociais nunca serem quem de fato são. Todo mundo é rico, bonito, bem relacionado, passa a vida viajando e os dias na beira da piscina. Ah, se não conhecêssemos os nossos amigos (e, em especial, aqueles que nem são tão amigos assim), passaríamos a crer que todos nós realmente vivemos na Ilha de Caras e já acordamos com um espumante na mão, simplesmente para brindar à vida.

Como "nem tudo que reluz é ouro" e "nem tudo que balança cai", sabemos que, na vida real, tudo é bem diferente. Nem todo mundo é tão bonito quanto parece. Todo mundo acorda com cara amassada. Às vezes, dormimos de maquiagem no rosto. Ir à academia não é tão delicioso como fazemos parecer. Passar um dia na companhia de um bom livro, jogada no sofá e vestindo aquela calça de moletom, não tem nada de glamour, mas é sim uma delícia. Nem todo mundo mora na zona sul. Qual o problema em admitir que moramos bem e que o nosso cantinho predileto no mundo inteiro fica um pouquinho longe? O desapego manifestado em excesso e a felicidade transbordando o tempo todo também não são normais. Não há nenhum problema em se admitir carente e sozinha algumas vezes.

Eu tenho me esforçado bastante para viver uma vida cada vez mais real. Acho que com o tempo, a gente aprende que não há vergonha nenhuma nisso. Todos nós temos fraquezas, não sabemos direito como lidar com a ansiedade nem com o medo. Eu aprendi que sou um misto de sentimentos e que, o tempo todo, vou medindo e achando um lugarzinho para cada um deles dentro de mim. É difícil ser segura o tempo todo. Vivo, algumas vezes, momentos de pânico e de tensão. Eles podem ser amenizados com uma simples ligação para o Eduardo Romeiro me fazer rir ou agravar a situação e, ainda assim, me fazer rir.

Cada vez mais tenho tentado ser eu e escolher o que gosto, não me render ao que não gosto, apenas para não ficar de fora. Estou tentando comprar o mínimo possível e usar mais tudo que tenho. Repito (e muito!) as minhas roupas. Afinal de contas, a maioria delas, eu sei exatamente quanto custou. Não ganho peças de marcas para divulgá-las (bem que eu gostaria!), porque sei que não sou nenhum ícone de estilo e elegância formadora de opinião. Em dias de inspiração, quero me produzir e me sentir linda. Nos dias de preguiça, prendo o cabelo em um coque desestruturado e no rosto, fico só com o protetor solar. Nesses dias, aposto em combinações que já usei e que deram certo, para não ter que pensar no que vestir. Quem disse que tenho que ser impecável sempre?

Eu me sinto gorda demais algumas (ou melhor, muitas) vezes. Mas elegi minhas prioridades e, nesse momento, a academia definitivamente não está entre elas. Decidi estudar e vou dar o meu melhor nisso, sem perder o foco e nem mesmo desviá-lo. Quando essa fase acabar, eu poderei me internar na academia todos os dias após o trabalho. Por mais que saiba que é uma fase, o relativo desleixo com o meu corpo me deixa insegura, mas eu logo penso que essa é apenas uma temporada e relaxo. Retomo o foco, as leituras, cadernos e exercícios, que são as coisas que mais importam para mim agora.

Sou normal. Sou uma mulher como outra qualquer. E acho que todas nós somos bastante assim, por mais que não queiramos admitir, para não afastar o glamour de nós nem por um segundo. Considero que eu não tenho nada de especial. Apenas talvez me enquadre perfeitamente na definição do Gui: Sou um ser binário, que quando não está conversando, está dormindo. Eu apenas ressaltaria uma correção na assertiva: Quando não estou dormindo estou conversando ou escrevendo...

Foto: Reprodução.

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