domingo, 18 de novembro de 2012

Cheguei aos 30

Jacqueline Costa



Todos os anos, nessa época, já apresento naturalmente uma forte tendência a pensar na vida, em tudo que fiz, que construí e como foi o ano que passou. O tempo tem passado rápido e me consumido. Quando percebo, mais um ano se foi. Normalmente, as pessoas associam esse tipo de reflexão ao reveillon. Prefiro ligá-la ao dia em que completo mais um ano de vida. Afinal de contas, esse é o meu reveillon.

Gosto de agradecer todos os dias pela dádiva que é viver. O simples fato de acordar cedo e levantar da cama já me enche de esperanças e de alegria. Quando a isso computo o fato de acordo sempre com as palavras mais carinhosas e pacientes do mundo, por mais que me tirar da cama seja, algumas vezes, bem difícil, percebo que tenho muito mais a agradecer do que pedir.

Hoje fiquei pensando que exatamente há um ano atrás eu estava rumo a um dos lugares mais lindos, que já conheci: a Escócia. Assim que voltei para Londres ganhei o que sempre digo que foi o segundo melhor presente da minha vida: a visita do Gui. O primeiro foi o Eduardo Romeiro, quem me deu, quando fez com que o Gui entrasse para a minha vida.

Naqueles dias, percebi que o Gui era mesmo o homem com quem eu queria dividir a minha vida para sempre. A partir de então, fizemos planos, concretizamos alguns deles e estamos rumo ao altar. Com tanto amor, o que mais posso querer? Eu sempre me pergunto isso. A resposta é simples e permeia sempre essa data: Eu ainda tenho muito a realizar. Quero um emprego melhor, quero dar aula, quero ter filhos, quero escrever mais e estudar muito. Quero aprender sempre mais um pouco e não quero deixar de ser curiosa.

Dos 20 aos 30, a gente aprende muito. Eu aprendi a minha profissão, aprendi a amar, aprendi a ser feliz e ver o quanto há de felicidade nas coisas. Eu amadureci. Não tenho mais tanta pressa, porque aprendi a ser mais paciente. Já não tenho mais tanta pressa nem tanta afobação. Sei que as coisas têm seu tempo e já não quero mais transpô-lo. Cultivei amigos e soube discernir os conhecidos daqueles, que quero levar para a vida inteira.

Desfiz laços. Refiz outros. Ganhei uma casinha, um espaço meu e uma vida bem diferente da antiga. A minha forma de mensurar e de avaliar as coisas mudou. Eu sei separar o que quero daquilo que, de fato, preciso. Já não penso tanto mais em comprar. Quero colecionar saberes e sentimentos. Elegi prioridades e, com elas, ganhei grandes responsabilidades e desafios. Mas não pode haver nada mais encantador para mim do que me sentir desafiada e capaz de alcançar o que quiser.

Ainda tenho medos, mas sempre vou tê-los. Eles mudam a roupagem, mas nunca nos deixam. Também não pretendo me tornar totalmente destemida. Sofro algumas vezes. Sinto saudades em outras. Choro e fico "momenta", como o Gui gosta de dizer. Isso tudo só me mostra que sou mesmo mulher, com toda a complexidade intrínseca a essa espécie. Na verdade, sinto o maior prazer em sê-la.

Tornei-me mais vaidosa, mais cuidadosa, mais ativa. Como menos, tento me exercitar mais. Preocupo-me, muito mais do que há dez anos, com a minha saúde. Quero também me ver bonita. Quero me sentir bem para mim mesma. Quero gostar do espelho, ser amiga da balança. Sou muito mais segura e essa é a melhor sensação que encontrei nos últimos anos. É o grande carimbo do meu passaporte para os próximos. Bom, estou pronta!

Diante de tudo isso, completar 30 anos não é um peso. Não tenho vergonha disso. Pelo contrário. Não quero parecer mais nova. Quero saber viver o que cada idade pode me proporcionar. Sei que estou diante das melhores décadas da minha vida. Enquanto me sentir assim, cheia de vontade e animação ao começar cada novo ano, sei que estarei no caminho certo, vivendo a vida do melhor jeito possível.

Foto: Reprodução.


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