quinta-feira, 8 de novembro de 2012

Que ansiedade!

Jacqueline Costa



Quando manifesto incessantemente a síndrome das pernas inquietas, minha barriga dói e eu sinto um imenso aperto no peito e borboletas em revoada no meu estômago, estou certa de que o que sinto é ansiedade. Hoje praticamente mergulhei numa piscina cheia disso e não estou conseguindo nadar. Só pratico umas braçadas para cá e outras para lá, mas não me desvinculo do principal tema que ronda meus pensamentos: a espera.

Não consigo sair da página da Fundação Carlos Chagas - FCC nem parar de apertar o F5. Estudo, estudo, estudo e, desde o início da semana, de tempos em tempos, vou até lá para ver se o edital, que espero fui publicado. Concordo que quanto mais tempo para estudar, melhor será, mas à medida que os meses passam e o casamento vai se aproximando, mais apavorada eu fico com a hipótese de essa prova ser no fim de semana do meu casamento.

Estou realmente muito ansiosa e não consigo me conter. Fico "momenta", como o Gui diz, "chorosa", "chatona" e penso a vida inteira na forma de múltipla-escolha. Até no supermercado fico pensando:

"O que falta lá em casa?
a) Suco de laranja;
b) Pão integral;
c) Queijo branco;
d) Arroz integral;
e) Alface."

Ando pelos corredores pensando como enquadraria contabilmente cada item adquirido se fosse uma empresa disso ou daquilo. Na parte dos hortifruti, reflito sobre a safra, o impacto  das chuvas, dos subsídios etc. Fui completamente absorvida pelas disciplinas que certamente farão parte da prova e fico pensando o tempo todo no quanto ainda tenho que estudar.

Desse mal, não apenas os "concurseiros" sofrem. Quem nunca sentiu aquele frio na barriga diante de um momento importante ou de uma escolha difícil? Quem nunca quis que o tempo voasse e um determinado dia chegasse para que ele passasse logo? Quem nunca passou meses sonhando e esperando tanto por alguma coisa de uma forma que fosse difícil viver o presente sem querer estar no futuro?

Isso acontece com todo mundo. O que muda de uma pessoa para outra é a maneira de lidar com a ansiedade intrínseca a espera por algo ou por alguém.

Estamos sempre esperando por alguma coisa. A espera e a esperança por realizar isso ou aquilo só morre com a gente. Eu esperei muito pelo dia de vir para São Paulo. Agora espero por uma prova e pelo casamento. Daqui a pouco, esperarei por uma viagem de férias, por uma mudança de casa, pelos meus filhos. E todos os dias, espero com a mesma ansiedade do primeiro dia aqui, pela chegada do Gui em casa à noite.

A espera sempre tem também um lado bom, um lado gostoso. O problema é que, muitas vezes, é bastante difícil deixá-lo prevalecer, dar a ele o destaque que merece e viver só a ansiedade boa. Mas vou ainda aprender. A cada espera aprendo um pouquinho.

Foto: Reprodução.

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