terça-feira, 13 de novembro de 2012

Menos de uma semana, uma vida que passou e outra que começa

Jacqueline Costa



Falta menos de uma semana para o meu aniversário. Quando era criança, eu esperava essa data com muita ansiedade. Queria que o tempo passasse logo. Achava que ser grande era muito legal. Era como se eu quisesse que o tempo passasse só para mim, para que eu pudesse alcançar meus primos mais velhos e, quem sabe, chegássemos a ter a mesma idade um dia.

O tempo passou e eu continuo gostando de aniversários. Gosto que as pessoas se lembrem de mim, me liguem, me mandem mensagens de carinho. Gosto de perceber que faço parte da vida delas de alguma forma, que construímos alguns sonhos juntos ou que vivemos juntos momentos, que merecerão destaque para sempre em nossas histórias.

A cada aniversário, mais um aninho colecionado e a vida tem me dado sinais de que anda passando rápido demais. Já avisto a decoração de Natal das lojas e shoppings. Lá em casa mesmo, já montei a árvore.

Esse sinais não são sentidos só com a decoração da época festiva, mas também quando percebo que o meu corpo está diferente. Já não tenho mais a mesma facilidade para emagrecer, como na adolescência. Minha mente também mudou, porque passei a dar importância para um monte de coisas, que sequer faziam parte da minha realidade. Agora, tenho a minha casa, o meu amor e não é só isso. Penso muito na minha carreira, no meu futuro. Quero fazer compras mais conscientes, ser mais econômica e guardar mais dinheiro. Quero também aprender sempre um pouquinho mais, ler mais, estudar mais. Troquei a coleção de Havaianas por uma outra um pouco mais inteligente e útil para mim: a de conhecimentos novos, leituras novas e práticas de vida novas.

Conheci, de verdade, meus grandes amigos. A distância não é capaz de me separar deles, mas ela me mostra quem, de fato, é importante para mim e para quem eu realmente faço diferença. Uma mensagem apenas para contar uma piada, para rir da vida e para lembrar de coisas boas, enchem o meu dia. As dicas sobre coisinhas simples, que posso acrescentar ao casamento e as sugestões de ingredientes e receitas são sensacionais para mim. Mas o que me mata do coração é a ligação apenas para uma conversinha fiada ou para simplesmente dizer: "Estou com saudades!"

O tempo vai passando e passa para todo mundo. A vida muda e as prioridades mudam com ela. Isso faz parte da gente. Fico pensando em quantos amigos já tive, em quantas pessoas com quem convivi e que, por força das circunstâncias, se afastaram. Foram viver a vida e realizar seu sonhos em outros lugares ou de outras formas.

Agora entendo que o mundo é grande demais para elegermos apenas um destino. Tenho o mundo para conhecer e um mundo de coisas para abraçar. Não vou me repetir. O que já vivi, já vivi. Ainda há muito por viver, por conhecer, por descobrir. Há muito lugares e muitos sonhos. E essa é a graça de constatar que o tempo passa. Vejo agora com muito mais clareza o que já fiz e o que ainda quero fazer.

Há experiências que só fazem sentido em determinada época da vida. Isso aprendi com minha segunda graduação. Não tenho mais a menor paciência para aulas, dúvidas, faculdade. Amo estudar, mas estudar sozinha ou com um grupo que tenha os mesmos interesses do que eu e que compartilhe da completa falta de interesse por perder tempo. As calouradas passaram. A presença periódica nas micaretas também. Tenho outras coisas para fazer e outras alegrias por viver.

Não me vejo mais vivendo aquelas mesmas coisas que vivi quando tinha 20 e poucos anos. Agora, meus interesses são outros e também não quero ter ou fingir que tenho 20 e poucos anos para sempre. Estou à caminho dos 30 e não vejo nada de mal nisso. Quero viver com intensidade cada experiência e descobrir como é bom ter mais segurança e mais independência do que quando estava por completar 20. Vou viver intensamente cada momento dessa nova fase a aprender a apreciar todos os sinais, que o tempo me dá, de que está mesmo passando.

Foto: Reprodução.

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