Eu estou me casando!

Jacqueline Costa

As sensações, que o casamento me traz, são as mais controversas possíveis. Posso explicar a que me refiro.

Depois de aceito o pedido de casamento, começam os preparativos para o grande dia. Esse é mesmo um momento lindo. Por mais que você saiba que isso cedo ou tarde acontecerá, tudo é muito diferente quando acontece. Não é possível mensurar os sentimentos envolvidos, porque é simplesmente impossível determinar o quanto de amor há no reconhecimento de que queremos viver a vida toda juntos, de que queremos contruir o nosso mundo, a nossa família.

Quando chegam os primeiros orçamentos, você ainda está na fase da levitação. Seus pés ainda não foram capazes de alcançar o chão. Você ainda está preso ao mundo parelelo do pedido e se pode acabar respondendo "sim" a tudo que lhe for perguntado, com a mesma entonação a que respondeu ao pedido.

Orçamentos abertos e análise feita, abre-se a fase do ódio da indústria do matrimônio. Ódio mesmo! Diria até ódio mortal, especialmente para aqueles como eu, que adoram se ver em vantagem nas relações de consumo. Quando o assunto é casamento, você nunca estará em vantagem. O problema é que, com a desculpa de que aquele dia é único, as pessoas querem que ele seja inesquecível e relevam quanto um sonho pode custar.

Nessa negociação, o tempo todo você vai ter algum tipo de dissabor. Alguns fornecedores chegam a subestimar a nossa inteligência. Pesquisar, negociar e encaixar tudo isso na nossa costumeira rotina atribulada não é nada fácil. A organização de um evento de tão grande magnitude (independente do número de convidados e do tipo de festa, o casamento sempre será para os noivos e para as famílias um evento de grande magnitude) dá muito trabalho, demanda esforço e dedicação.

Mas tudo isso passa. Todo o esforço, que parece não ter mais fim, passa. E nem precisa aguardar o tão sonhado dia. Pequenos sinais nos dão a certeza de que vamos realmente nos casar. Eles deixam claro, que tudo aquilo que fomos construindo é real e que daqui a pouco, será hora apenas de comemorar.

Foi exatamente assim que me senti quando recebi a arte dos convites de casamento. Ver meu nome ali, o dos meus pais, do Gui e dos pais dele, foi bem mais do que emocionante. Eu acabei me esquecendo de tudo: do esforço, da guerra de preços e propostas, dos inúmeros telefonemas e tentativas de negociação. Só o que via era o convite, com letras simples e dizeres de praxe, mas muito mais eloquente do que o que, de fato, se propunha a dizer. Aquilo era como se me fizesse acordar do meu conto de fadas cotidiano e me falasse bem alto: Eu estou me casando!

Essa alegria faz tudo valer muito a pena! Sei que até que o dia chegue, ainda terei muitas surpresas tão emocionantes como essa. Mal posso esperar a hora do vestido...

Foto: Reprodução.