terça-feira, 23 de outubro de 2012

Ainda há muito por fazer

Jacqueline Costa


No dia a dia, vamos sempre acumulando uma porção de tarefas, pensando que as faremos quando tivermos tempo. Acontece que tempo é uma das coisas mais valiosas na vida de todo mundo. Sempre queremos mais tempo para encontrar os amigos, mais tempo para viajar, mais tempo para terminar com mais segurança um projeto importante e até mais tempo para não fazer nada. É a escassez do tempo em nossas vidas, que o faz ser tão valioso.

Quando esse é o tema, lembro-me sempre do Gui comprando passagens para BH. Enquanto eu estou sempre atrás das promoções e tentando me adaptar ao aeroporto mais longe e aos horários piores, ele me diz que 100 reais não pagam uma hora a mais com a nossa família, fazendo cair por terra qualquer argumento meu pró-economia.

Juntei a minha rotineira falta de tempo, de quem trabalha, estuda muito e ainda é dona de casa, com o acúmulo de várias pendências e mais uma lista de afazeres do casamento, elaborada no fim de semana. Hoje queria resolver o máximo possível dessas coisas. Foram ligações, e-mails enviados e recebidos, cobranças de respostas a fornecedores contactados e os "ok" começaram a surgir. Deleguei as funções, que me pareceram mais complexas e que dependiam de mais informações e pesquisas, e fui às mais diretas primeiro.

Como sempre diz o Gui, há muito mais "viadagens" intrínsecas ao casamento do que a gente imagina. São lacinhos, florzinhas e muitos outros detalhes, que ultrapassam o que é estritamente necessário. E quanto mais você dá asas ao "sonho", maior ele fica. É como chiclete. Mascar um é uma delícia, mas se você começar a colocar vários na boca de uma só vez, não é só a bola que será gigante.

Há uns anos atrás, eu pensava que só precisava de dias como esse, dedicado às pendências, nas férias, mas eu não tinha tantas responsabilidade, tantas contas para pagar, tantas informações para administrar e um casamento pela frente. Eu administrava apenas meus livros e cadernos. Os mais novos, que ainda estão nessa fase da vida, podem imaginar, mas não são capazes de compreender a minha vida agora. Daqui a pouco, eles também perceberão o que quero dizer.

Mais uma vez ele: o tempo, que passa sem que a gente se dê conta e, de repente, já não temos mais toda aquela disponibilidade, com tantos dias de férias duas vezes por ano, para resolver os problemas e descansar, sair com os amigos e descansar, ver TV e descansar um pouco mais. Algumas vezes, sinto saudades desse tempo. Mas elas estão ligadas ao fato de que, nessa época, eu via meus amigos todos os dias. As responsabilidades da vida adulta não podem esperar e não podem ser delegadas para os pais. No fim das contas, ter a própria vida, os próprios problemas e uma conta bancária, não tão gorda como gostaria, mas que é minha, é delicioso. Crescer dá trabalho, mas é muito bom.

Agora, tenho que ou ser mais organizada no meu dia a dia e não acumular mais nada, resolvendo tudo que aparece na mesma hora, ou tornar esse momento mais frequente. Tento sempre praticar a primeira opção, mas nem sempre é possível. Acabo, então, na alternativa B.

Ufa! Apenas os últimos itens da minha lista estão ainda em aberto, mas em breve, eu acabo com eles. Ou quem sabe, sem querer, o tempo me levará a acumulá-los com outras tarefas que forem surgindo? No fim das contas, é o que sempre acontece e me alegra saber que não sou a única no mundo que passa por isso.

Foto: Reprodução.


Nenhum comentário:

Postar um comentário

A sua opinião, positiva ou negativa, sobre as minhas palavras sempre é importante para mim. Obrigada pelo feedback e por me ajudar a aprimorar e pensar sobre o que escrevo!