sábado, 13 de outubro de 2012

Questionando a beleza

Jacqueline Costa


O artista holandês Leanie van der Vyver e o designer René van den Berg criaram esse sapato estranho, com cara de Lady Gaga e salto invertido, por uma boa causa. Eles querem questionar a inversão dos valores de beleza e a busca incansável por padrões estéticos.

O salto invertido obriga a modelo a se manter o tempo todo com os joelhos flexionados e a demonstrar um equilíbrio quase sobrenatural. É quase o mesmo esforço que as pessoas fazem no cotidiano em busca do que acreditam ser a perfeição. 

Somos o tempo todo bombardeados com notícias sobre o que está na moda, sobre o que as it girls estão usando, sobre o batom e o rímel do momento. A partir de então, partimos à caça dessas peças e produtos para nos manter dentro desses padrões.

Penso que pior do que a busca incansável pelos hits, que a moda nos apresenta, é o que muitos fazem com o próprio corpo. As pessoas perderam completamente o rumo do que deve ser feito em prol da saúde e cada vez mais se submetem à dietas duvidosas e cirurgias reparadoras, como se o bisturi pudesse operar verdadeiros milagres e fosse capaz de mudar drasticamente aqueles antigos hábitos nefastos.

Silicone virou a calça jeans do momento. Toda mulher quer adquiri-lo ou já o fez. E muitas delas nem sequer cogitam que, como qualquer cirurgia, elas estão expostas a muitos riscos. Para os homens mais próximos, quando questiono sobre como é pegada, nesse caso, a resposta é uníssona: "Muito estranho!" Já li e ouvi alguns relatos sobre perda de sensibilidade, mas todas entoam que o que importa é ficar bonita.

As pessoas, com a massificação desses procedimentos estéticos, acabam se esquecendo de que há sim beleza naquilo que é natural. Por que todos os cabelos têm que ser lisos? Por que todos os peitos devem ser grandes? Por que todas as barrigas devem ser negativas? Por que todo peitoral deve ser absolutamente malhado? As pessoas se rendem a padrões sem nem mesmo questionar se acham ou não isso bonito. O importante é estar dentro deles.

E na moda acontece o mesmo. Cada vez mais vejo gente se fantasiando com peças que nada tem a ver com seu corpo, que apenas valoriza o que a pessoa tem de pior e sem que aquilo reflita um estilo. São as pessoas cabide, que apenas vestem o que a moda dita, sem nem pensar.

Nos últimos tempos, acho que falta mesmo é personalidade. Poucas são as pessoas que conheço que assumem um estilo, independente do que as outras pensam, que fazem compras conscientes, verificando se realmente vão usar aquilo que compraram, e que não apenas se rendem ao argumento de que está na moda.

Essas são as pessoas mais atraentes, lindas e leves, que conheço. Elas querem mesmo é se sentir bem com elas mesmas. Elas usam a moda a seu favor e não se tornam escravas. E sabem que aquele pijaminha velho também tem seu lugar. Afinal de contas, só acorda bonita aquela, que é vista nesse momento, com os olhos do amor.

Foto: Reprodução

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