Jacqueline Costa
Gateway of India
Enfim, depois de uma longa viagem, chegamos em Mumbai de madrugada. Como ficamos um dia em Doha e a nossa mala foi direto para Mumbai, temíamos que ela fosse extraviada no caminho. A espera por ela foi bastante tensa, apesar de ter separado algumas peças na mala de mão.
Desembarcamos e nos deparamos com uma quantidade enorme de indianos carregadores de malas perto das esteiras e quando eles notavam que aquela era a sua mala, avançavam logo para cima dela, antes mesmo que você tivesse tempo para reagir. Eles queriam carregar as malas para receberem algum dinheiro por isso.
Quando já estávamos chegando no táxi pré-pago, que arrumamos, tivemos que nos render a um desses indianos, já que o motorista não conseguia colocar sozinho nossa mala no teto do carrinho, que nos levaria ao hotel.
Pelo serviço, entregamos ao carregador uma gorjeta de 4 rúpias. O moço ficou completamente indignado e obviamente nos xingou bastante em hindi, a língua que verdadeiramente é falada na Índia. Não tínhamos feito ainda as contas de quanto valia cada rúpia! Mas assim que fizemos, entendemos exatamente o que ele queria nos dizer. Um real equivale a aproximadamente 25 rúpias. Não tínhamos dado a ele nem 10 centavos...
O táxi partiu rumo ao hotel. O que nos impressionou muito é que o trânsito, em plena madrugada, era inacreditável! As buzinas lá nunca param. O que parou foi aquele carrinho pequeno, que era uma mistura de Fiat 147 com aquela minivan de cachorro-quente, que fica nas portas das faculdades aqui no Brasil. Foi uma parada para o abastecimento. O motorista só enche o tanque com o que será exatamente necessário para cada corrida. Descobrimos ali que a mala estava em cima do carro, porque o cilindro de gás ocupava todo o porta-malas.
Com normas de segurança inexistentes naquele país, fomos obrigados a saltar do carro enquanto ele era abastecido. Foi bom para irmos nos ambientando com o cheirinho característico da Índia e com as muriçocas, que não são exclusividade de Belém do Pará. Claramente éramos sangue novo naquelas terras e atraíamos todos os bichinhos.
Também comecei a notar que a Índia não seria exatamente o sonho da mamãe e das minhas tias. Desde a saída do aeroporto percebi que a limpeza não é bem a especialidade deles. A essa altura, eu e o Gui nos divertíamos pensando em quais dos nossos amigos amariam estar ali no meio daquela confusão e quais nunca devem se aventurar na Índia, porque não darão conta nem de atravessar o aeroporto.
Depois de manobras radicais e emoções sem fim, chegamos a Colaba, com a certeza de que para haver a noção de mão e contramão é necessário um muro dividindo as pistas. Do contrário, prevalece a lei do mais forte. Faixas são meramente ilustrativas e o negócio é ver quantos carros, motos, bicicletas e vacas caberão na pista.
E isso foi só o começo de uma Índia no mínimo intrigante, mas já tivemos ali a certeza de que nos divertiríamos bastante.
Foto: Jacqueline Costa
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