Hoje, aqui em São Paulo, a notícia dada com mais ênfase no noticiário na TV foi a respeito do trânsito. A capital paulista já registra quilômetros e mais quilômetros de congestionamentos, devido à chuva e a essa época do ano. As festas se aproximam e tentar completar a lista de presentes de Natal pode ser um grande desafio essa semana.
Congestionamento, impaciência, horas desperdiçadas no trânsito paulistano. Nada disso se compara às cidades indianas.
Lá carros, ônibus, motos, bicicletas, charretes, tuc-tucs e, não poucas vezes, é necessário desviar de alguma vaca pelo caminho. As buzinas são constantes a qualquer hora do dia e da noite. Depois de alguns dias, notamos que elas não tem um motivo definido. É simplesmente usada o tempo todo, como se fosse um item obrigatório ao dirigir. As pessoas se cumprimentam, protestam, gritam, xingam, vibram, comemoram e também não têm nada a dizer. Tudo isso, por meio de suas buzinas.
Vale lembrar que a segurança nunca está em primeiro lugar. Em todos os meios de transporte, a capacidade máxima é quase uma prova de resistência. Quatro pessoas em uma moto é bastante comum e normalmente nenhuma delas usa capacete. Crianças e até bebês no colo de suas mães são vistos nas garupas de motos nas ruas indianas. Nos ônibus, sempre há alguém viajando com metade do corpo para fora. E os carros me lembraram bastante quando não tínhamos nosso Código de Trânsito e viajávamos com quantos passageiros coubessem dentro de nossos carros. E íamos todos juntos para a praia: mãe, pai, irmãos, primos, tios. Sempre caberia mais alguém ou mais alguma mala.
Na Índia, a divisão de pistas é meramente ilustrativa. Se não houver um muro para dividir mão e contramão, não há regras para ocupação dos lados das pistas. Isso pode sim ser chamado de caos. E é o que é. Além disso, na prática, o número de pistas é proporcional à coragem e empreendedorismo dos condutores, que enfiam seus carros em qualquer espaço, ainda que para isso seja necessário abrir mão de seus retrovisores. Muitos carros já não vêm com o retrovisor externo esquerdo de fábrica e muitos outros já se perderam nesses caminhos.
Uma cena que é suficiente para descrever o trânsito indiano, foi quando passeávamos por Udaipur, a cidade indiana mais linda que conheci. Estávamos em um daqueles carros grandes de sete lugares e passávamos por uma rua bem estreita na parte antiga da cidade. No sentido contrário, vinham dois tuc-tucs, uma moto e um velhinho de muletas e sem a perna.
Nesse momento, o Gui me perguntou: "Pensando como um indiano, de quem é a preferência?" Nem deu tempo de responder e ficou bastante claro, ao som das buzinas de todos os veículos envolvidos que a regulação viária se dá de acordo com a lei do mais forte. Óbvio, então, que nosso veículo de sete lugares seria o primeiro a passar. E ai do velhinho sem perna se não aguardasse toda aquela movimentação...
As concepções que adoramos demonstrar, pregando o adesivo do coração azul, em nossos carros, ainda que nem pratiquemos sempre a tal gentileza urbana, definitivamente ainda não chegou na terra das especiarias.
Fotos: Jacqueline Costa
Vale lembrar que a segurança nunca está em primeiro lugar. Em todos os meios de transporte, a capacidade máxima é quase uma prova de resistência. Quatro pessoas em uma moto é bastante comum e normalmente nenhuma delas usa capacete. Crianças e até bebês no colo de suas mães são vistos nas garupas de motos nas ruas indianas. Nos ônibus, sempre há alguém viajando com metade do corpo para fora. E os carros me lembraram bastante quando não tínhamos nosso Código de Trânsito e viajávamos com quantos passageiros coubessem dentro de nossos carros. E íamos todos juntos para a praia: mãe, pai, irmãos, primos, tios. Sempre caberia mais alguém ou mais alguma mala.
Na Índia, a divisão de pistas é meramente ilustrativa. Se não houver um muro para dividir mão e contramão, não há regras para ocupação dos lados das pistas. Isso pode sim ser chamado de caos. E é o que é. Além disso, na prática, o número de pistas é proporcional à coragem e empreendedorismo dos condutores, que enfiam seus carros em qualquer espaço, ainda que para isso seja necessário abrir mão de seus retrovisores. Muitos carros já não vêm com o retrovisor externo esquerdo de fábrica e muitos outros já se perderam nesses caminhos.
Uma cena que é suficiente para descrever o trânsito indiano, foi quando passeávamos por Udaipur, a cidade indiana mais linda que conheci. Estávamos em um daqueles carros grandes de sete lugares e passávamos por uma rua bem estreita na parte antiga da cidade. No sentido contrário, vinham dois tuc-tucs, uma moto e um velhinho de muletas e sem a perna.
Nesse momento, o Gui me perguntou: "Pensando como um indiano, de quem é a preferência?" Nem deu tempo de responder e ficou bastante claro, ao som das buzinas de todos os veículos envolvidos que a regulação viária se dá de acordo com a lei do mais forte. Óbvio, então, que nosso veículo de sete lugares seria o primeiro a passar. E ai do velhinho sem perna se não aguardasse toda aquela movimentação...
As concepções que adoramos demonstrar, pregando o adesivo do coração azul, em nossos carros, ainda que nem pratiquemos sempre a tal gentileza urbana, definitivamente ainda não chegou na terra das especiarias.
Fotos: Jacqueline Costa
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