quarta-feira, 2 de janeiro de 2013

E se o mundo acabasse

Jacqueline Costa



Com essas coisa de fim do mundo dos maias, fiquei pensando na minha interpretação para o evento. Sim, a coisa ganhou o status de evento das redes sociais aos telejornais nacionais.

As pessoas descobriram o calendário maia e o entenderam das melhores formas possíveis. Ele foi associado ao fim dos tempos ou ao início de uma nova era. Algumas pessoas até buscaram abrigo em locais, que consideravam seguros, com estoque de comida e bebidas para os tempos de caos tão aguardados. Tive notícia de um moço aqui do trabalho, que foi para Alto Paraíso, no Goiás, esperar o fim dos dias... Como não acabou, ele já retornou à jornada de oito horas diárias por aqui.

Psy, o coreano do Gangnam Style, até ganhou o título de cavaleiro do apocalipse, por causa de sua dancinha maluca. Boatos davam conta de que quando o vídeo dele completasse um bilhão de acessos, o mundo entraria em colapso. Não foi o que aconteceu. Ele obteve seu bilhão de acessos e tudo permaneceu como era. Minutos, horas e dias continuam correndo normalmente depois disso.

Houve ali um claro problema de interpretação do evento. Isso normalmente acontece quando colocamos um fato meio histórico e místico à prova pela sabedoria popular. A criatividade, nesse caso, não tem limites e elevou o 21 de dezembro ao status de evento mais do que sobrenatural. Toda vez que a curiosidade em relação à nossa origem e para onde vamos é desafiada, todo mundo se torna autor de alguma tese boa (ou não) a respeito.

Eu penso o fim do mundo de uma maneira um pouco diferente. O meu mundo já acabou algumas vezes. O meu mundo da época do colégio acabou. Depois, veio a faculdade, o estágio e os escritórios, em que trabalhei. Esse tempo passou. Acabou. O mundo de coisas, que construí ali, definitivamente acabou.

E começou de novo em seguida. Novas relações foram construídas, fui aprendendo mais e mais sobre o trabalho, a vida e sobre mim mesma em cada nova oportunidade. Algumas pessoas, de quem tanto gosto, foram sendo deixadas para trás, em virtude do tempo, da correria do dia a dia e da dificuldade de manter encontros constantes. Mas outras foram vindo e eu sempre tentei aprender um pouco com elas e compartilhar aquilo que vivi.

Claro, que nem todas as pessoas ficaram no caminho. Muitas estão ao meu lado até hoje. Todas são importantes e me ajudaram a construir a minha história, mas nem todas seguiram o mesmo caminho que eu. Claro que desejo a todas elas tudo de bom e espero que cada reencontro seja um misto de saudades, carinho e muita alegria.

A vida passa e é composta por começos, fins e recomeços. Não conseguimos levar conosco todas as pessoas, que conhecemos ao longo da vida. Seria impossível fazer isso. O que dá para fazer é guardá-las com as melhores recordações.

O mundo também acaba quando sofremos uma decepção. Dependendo do tamanho, parece que o dia não vai nunca mais amanhecer para nós, mas acaba amanhecendo. Perder o emprego também é o fim do mundo, até que você arrume outro. Terminar um relacionamento é o fim, até que você se apaixone de novo.

É assim que a vida funciona. Tive 30 anos para descobrir isso e acho que aprendi direitinho. Recomeçar pode ser bem difícil, mas é muito bom.

Foto: Reprodução.

2 comentários:

  1. Jackie, como sempre, formidável!! E eu fico muito feliz por estar no seu caminho, no seu mundo, desde 1997 e nunca ter ficado para trás!!! Te amo!!!
    Dinarte (Didi)

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    1. Você está comigo desde 1997. Deixamos o colégio juntos, passamos no vestibular juntos e quase nos formamos juntos. Seguimos caminhos profissionais um pouquinho diferentes, apesar de sempre termos desejado fazer a mesma coisa (advogar). Mas a vida nos reserva muitas surpresas e a gente acaba se adaptando aquilo que nos é oferecido. Independente das nossas escolhas, estaremos sempre juntos, Didi! Love UUU! Bjos!

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