sexta-feira, 9 de agosto de 2013

Qual é o meu talento?

Jacqueline Costa



Ainda não sei se tenho talento para alguma coisa ou se tenho talento para coisa alguma. Difícil descobrir isso já adulta, imagina quando se é adolescente e está prestes a definir seu futuro no vestibular...

Vejo agora o quanto aquelas dúvidas eram relevantes. Tanto que tenho vários amigos fazendo uma nova faculdade. Outros que acabaram mudando de curso, de área e de vida antes mesmo de se formar. Mas fato é que todos esses optaram pela mudança, questionando qual seria mesmo o seu talento.

Quando se está olhando para a inscrição no vestibular e com aquela lista de cursos em mãos, dá para imaginar como seria a vida em cada uma daquelas hipóteses. O que ninguém te conta é que, dentro de todas elas, há uma infinidade de possibilidades que só serão descobertas com o passar dos anos, das matérias e dos professores, que sempre relatam uma infinidade de experiências.

Há ainda a possibilidade de se formar e não trabalhar exatamente naquela área. Muita gente usa, ainda que de forma reflexa, os conhecimentos que adquiriu ao longo de anos nos bancos da faculdade, em salas de aula, em bibliotecas e em laboratórios, frustrando os professores, em muitos casos, para trabalhar com outras coisas. Talvez não haja coragem suficiente para mudar de curso no meio do caminho ou não haja necessidade de fazê-lo.

O que quero dizer é que cada um constrói o seu sonho de uma maneira. Cada um descobre, a sua maneira, como trilhar um caminho. Não existe aqui certo ou errado. Alguns descobrem o seu lugar no mundo e se realizam com mais facilidade; outros, chegam à velhice sem saber ainda se possui algum talento.

Mas isso não está associado  à profissão. Talvez torne-se mais evidente ali, porque passamos a maior parte do dia nos dedicando ao trabalho. Muitos realmente se encontram no tempo livre. Tenho tantos amigos que se descobriram exímios cozinheiros. Outros se revelaram astros do rock, do sertanejo ou do jazz. Alguns ainda começaram a correr, a pedalar ou se encontraram em algum outro esporte. Até no ballet, tem gente que depois de grande resolveu arriscar.

Quanto a mim, ainda não tenho a mais absoluta certeza a respeito, mas arriscaria dizer: escrever. Esse talvez seja o meu talento. Não sei se acredito nisso a ponto de pensar que um dia viverei da minha escrita, dos meus pretensos livros. Mas devo dizer que isso alimenta e muito os meus sonhos.

Queria mesmo era passar o dia, escrevendo capítulos de novelas. Para os que me conhecem, nem preciso dizer que meu "muso inspirador" seria Manoel Carlos, que me faria chorar de emoção caso o encontrasse um dia, por acaso, passeando pelas calçadas do Leblon. Não sei se o abraçaria, pediria um autógrafo, tiraria uma foto ou cantaria uma bossa nova. Mas, de fato, qualquer uma dessas coisas levaria em consideração que estaria diante de alguém que sabe bem como combinar as palavras, revelando as mais profundas emoções, que nelas existem. Estaria diante de alguém que realmente tem o talento em que eu acredito.

Foto: Reprodução.

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